TV & Cinema

Green Room: O realismo das decisões estúpidas

By Lucca Leonardi

February 17, 2017

Muitos filmes de terror são conhecidos por seus personagens burros, que deixam nós espectadores indignados com sua capacidade em tomar decisões erradas. O maior problema disso é o tanto que nos retira do universo do filme, o tornando irrealista. Apesar disso, existem casos onde, se bem utilizado esses erros podem ter o efeito contrário, trazendo realismo para o filme.

Um excelente exemplo é Green Room, dirigido por Jeremy Saulnier, o filme do ano passado trouxe decisões errôneas como uma forma de avançar o enredo, e mesmo assim mantendo realismo.

A diferença entre Green Room e a maioria dos outros suspenses está no motivo por trás dos erros cometidos, todos os personagens já são apresentados como irresponsáveis antes do principal conflito. Na verdade, o filme começa com uma série de péssimas decisões – demonstrando a atitude irresponsável e inconsequente dos personagens. No filme acompanhamos uma pequena banda de jovens procurando ganhar um pouco de dinheiro, e quando o show que tinham marcado é cancelado, eles já fazem a primeira péssima escolha: tocar em um bar neonazista. E o que eles fazem quando chegam lá? Tocam uma música anti-nazista.

Logo nos primeiros 20 minutos do filme, já está completamente estabelecido que o grupo não pensa antes de agir, justificando todos os erros cometidos nas situações tensas que seguem. O diretor deixa claro que é essa sua intenção, ao preferir intuição ao invés de intelecto, acreditando que isso traga mais realismo.

O Youtuber Ryan Hollinger analisa o diferencial de Green Room no vídeo abaixo, comparando-o com Prometheus. Se você ainda não viu o filme, atenção para spoilers.

Filmes como Green Room e Blue Ruin, ambos da trilogia de Jeremy Saulnier, baseiam-se na empatia – nossa capacidade de nos colocarmos no lugar dos personagens. A premissa de ambos os filmes é como uma pessoa comum pode se adaptar em situações extremas, cometendo erros por inexperiência e acertando por instinto, adrenalina ou até mesmo pelos erros cometidos previamente.

Apesar das premissas simples, o diretor se tornou uma referência dentro do gênero, executando ideias simples com maestria, em tempos de “Rings” e “The Darkness”, Green Room é uma volta ao que o suspense/terror faz de melhor.