Um caso que causou tanta estranheza e que perdurou durante todos esses anos na sociedade norte americana. Como pode uma mulher ser tão inteligente e articulada se, originalmente as mulheres são feitas para serem dominadas e frágeis?
O novo seriado da Netflix é baseado na obra de Margareth Atwood, competindo muito bem com a mais nova produção do seu concorrente de streaming Hulu (ainda indisponível no Brasil), que lançou uma adaptação de O Conto de Aia, também da mesma autora. Margareth soube trabalhar muito bem o feminismo, em uma época onde ainda se acreditava na cura das Mulheres Histéricas.
O livro foi lançado originalmente em 1996, mas que acompanhou o delay de todas as produções internacionais e só chegou no Brasil em 2008 com o nome de “Vulgo, Grace”, baseado em uma história real que aconteceu no Canadá, em meados do século 19. A autora afirma ter visto muitas versões do acontecimento durante os seus estudos, variando desde opiniões, chegando às análises dos distúrbios de personalidade apresentados, até em características físicas, e promete ter trazido todas as faces de Grace para a sua obra.
A trama gira em torno de Grace Marks, uma imigrante irlandesa de 16 anos condenada à prisão perpétua pelo assassinato de Thomas Kinnear e Nancy Montgomery. Os dois, respectivamente seu patrão e governanta, carregavam secretamente um romance (o que explica a gravidez de Nancy), abrindo muitas possibilidades para o crime como ciúmes e inveja, que também envolveu outro empregado da família James McDermott.
O quadro psicótico da personagem principal (interpretada por Sarah Gadon) se encaixa perfeitamente com a escolha da diretora da minissérie Mary Harron, a mesma que fez “Psicopata Americano”. O sentimento de culpa e inocência é colocado em cheque pela inteligência e profundidade das personalidades que Grace Marks apresenta, nos envolvendo em um mistério que nunca obteve respostas.