Ano passado a Getty Images fez seu primeiro MAP Report. “MAP” é uma abreviação para “Make A Picture”, que vem de uma filosofia da empresa que acredita que tudo o que acontece vira uma foto. O projeto foi criado pelo Getty Images Creative Research Matrix – o seu time de analistas de imagem espalhados pelo mundo – com o objetivo verificar tendências, não só em imagem, como também, no comportamento das pessoas e empresas.

Para fazer a pesquisa – que pode ser adquirida através do site pela bagatela de U$750,00 – a empresa usou como base as buscas feitas pelos clientes, análises de propagandas e entrevistas com profissionais da área de design, publicidade e marketing.

Os desejos dos consumidores para prosperar em um mundo instável foi o tema da primeira pesquisa, intitulado de “One Life”. A pesquisa revelou um retorno dos valores religiosos, um senso de interdependência e influência da mulher no ambiente de trabalho. Em relação às imagens, a tendência é de expressar idéia de heroísmo espiritual e valores, com pessoas perdidas em seus pensamentos, de olhos fechados, em momentos introspectivos e, muitas vezes, em meio à natureza.   

Por outro lado, a imagem feminina aparece fortemente, não com o jeito introspectivo do heroísmo espiritual, mas com a imagem da mulher forte, segura e confiante. Isso acontece principalmente nas propagandas da área de negócios, que passa a ser amplamente baseada nos valores femininos.

Para o MAP Report 2, a Getty Images adotou o tema  “Aspirational Environmentalism”. O papo da onda verde pegou a empresa de jeito: sua segunda pesquisa foi toda baseada no ambientalismo tão discutido ultimamente, e o primeiro ponto levantado pelo MAP Report 2 é a morte dos clichês relacionados a este tema.

A negação de clichês não corresponde à negação da consciência ecológica em si. Por isso, a Getty Images propõe a criação de uma nova “mitologia” visual sobre o que soa como ecologicamente correto. Este mito deve trazer o prazer da nostalgia através de ícones ou histórias familiares, mas em um contexto moderno em que as pessoas reconheçam sua realidade ou ficção.

Outro ponto previsto pela pesquisa são campanhas que mostrem depoimentos individuais por um bem coletivo. Os consumidores tendem a se comprometer à medida que outras pessoas também se comprometam, principalmente, se estas pessoas forem “iguais” a elas. Ou seja, existe uma tendência de se usar menos imagens de celebridades e mais imagens de pessoas “normais”.

Ainda com relação às imagens utilizadas, é mais fácil impactar as pessoas utilizando ícones que elas possam reconhecer. Desta forma, fotos de momentos históricos ou pontos turísticos famosos, como a Estátua da Liberdade, por exemplo, serão bastante usadas, porém, em um estado futuro – destruída ou submersa – causando maior impacto.

A pesquisa levantou informações sobre tons de verde e ícones que as pessoas mais ligam ao meio ambiente e que passarão a ser mais usadas nos anúncios. Entretanto, quando alguma concorrente já utiliza a cor verde em seus anúncios, a empresa passa a adotar outras cores encontradas na natureza, como o azul e o marrom.

O MAP Report 2 revelou, também, que 25% das respostas refletem uma confusão sobre o que as pessoas devem fazer e quanto suas ações realmente fazem diferença.

No seu primeiro projeto, a Getty Images descobriu um desejo dos consumidores por propagandas que mostrassem a “sujeira” do dia-a-dia, como uma experiência de natureza tangível, e acredita que este desejo será repaginado para as “mensagens verdes”. Estas mensagens, no entanto, serão breves e objetivas.

As tendências verificadas pelos MAP Reports podem ser aplicadas não só nas imagens, mas, também, em todas as áreas da comunicação. E, acima de tudo, é essencial que esta comunicação realmente surta efeito. A consciência da depredação que o homem causa na natureza é o ponto fundamental para que as mudanças ocorram. O ambientalismo tem que deixar de ser aspiracional para tornar-se concreto.

Marcela Alvarez, 09 de outubro às 17:19h.