Get Out já é um dos filmes mais bem cotados de 2017. Tendo verba de 5 milhões de dólares, ganhou mais de 229.5 milhões e traz a tona uma temática que é muitas vezes considerada superada.
Num mundo supostamente “pós-racial”, Jordan Peele trata do racismo mascarado em liberais que no discurso contrariam tudo que abertamente tenha conexões com o passado escravocrata dos Estados Unidos.
Daniel Kaluuya (Black Mirror) interpreta Chris, um fotógrafo negro que conhece a família de sua namorada branca, Rose, interpretada por Allison Williams (Girls), pela primeira vez em uma viagem a um clássico subúrbio.
SPOILERS!
Desde o início do filme, percebemos que algo naquilo não está certo. O primeiro sinal disso é o alce que é atropelado pelo casal durante a viagem. Ao decorrer do filme, descobrimos que aquilo é uma alegoria tanto para a mãe de Chris, que morreu e não teve o socorro de seu filho, quanto para ele próprio, que se mostra ser basicamente uma presa da família Armitage.
A mesma alegoria do alce aparece quando Chris está amarrado na cadeira da família de sua namorada, quando vemos o alce empalhado, um processo que substitui seu interior, o que a família desejava fazer com ele. A apropriação cultural tão presente atualmente é levada ao extremo com a substituição literal da consciência negra pela branca.
Imagens que remetem à escravidão também são recorrentes, mostrando que esse histórico brutal continua repercutindo na realidade. Os trabalhadores da casa que exercem apenas funções classicamente vistas em plantações, bem como os desconfortáveis diálogos focados no físico de Chris e por fim o leilão dele são todos exemplos de uma cultura escravocrata que continua até hoje, mesmo que exagerada no filme.
Bem como O Bebê de Rosemary e Stepford Wives, Get Out trata da sátira social através do exagero de relações historicamente desiguais. Em todos eles, o homem branco, hétero e cis, sente-se ameaçado e quer manter seus privilégios de formas violentas e absurdas (como geralmente faz).
O filme tem a pretenção de, assim como acontece com Chris, nos tirar de uma hipnose, uma suposta verdade que é repetida diversas vezes e que diz que o mundo está livre do racismo.
O canal do Youtube ScreenPrism fez uma análise mais profunda que pode ser encontrada a seguir:
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