Criar bons games casuais é um desafio enorme para os game designers. Sucessos mundiais como Angry Birds, Temple Run, Sometimes You Die e Dizzy Fruit são boas provas disso.

E o que vem a ser um casual game? Segundo Trefay e Kaufmann (2010), casual games podem ser definidos como jogos rápidos de experimentar, detentores de mecânicas simples e extremamente acessíveis. Neste tipo de jogo, segundo o autor, regras e objetivos devem ser muito claros e os jogadores devem adquirir proficiência de maneira rápida. O casual game se adapta ao cotidiano e à agenda do jogador.

Quer ver um exemplo? Dê uma olhada no gameplay do jogo Three Points a seguir. Em menos de 5 segundos já é possível entender como o sistema funciona:

Quando se cria um casual game, vale a lição número um das aulas de marketing: conheça bem seu público alvo; ou melhor, mantenha sempre o jogador casual em mente. E procure sempre manter a simetria da simplicidade seguindo alguns conselhos simples podemos seguir:

1) Conteúdo relevante e storytelling interessante completam uma boa mecânica simples;

2) Uma mecânica bem definida que dispense longas explicações aliada com uma interface intuitiva constitui um fator de sucesso. Pense em Angry Birds e lembre-se que todo mundo sabe jogar este jogo porque usar um estilingue é um conhecimento quase universal. Ou pense no exemplo acima, do jogo Three Points; ele é facilmente entendido em pouquíssimo tempo.

3) Pense em como o jogo se encaixa no cotidiano e nos momentos de “micro-tédio” da vida do player. Novamente citando o exemplo do vídeo: o jogador pode se divertir em poucos ou muitos minutos se quiser.

4) Pense em como o game pode funcionar em diferentes plataformas. Os casual games de sucesso ampliam suas trajetórias através de PC, console e mobile devices.

5) Crie o jogo prevendo expansões, desdobramentos e atualizações. A chave para continuar com o player do seu lado é sempre chamar a atenção do mesmo para novidades.

6) O casual game deve ter uma essência elegante e significativa em sua composição. Salen e Zimmerman, no prefácio do livro Rules of Play (p.XIII e p.XIV, 2004), explicam que o PONG, um dos primeiros experimentos de games domiciliares, apesar da interface rudimentar que representava uma partida de tênis de mesa possuía significado para o jogador. O PONG é fácil de aprender, rápido de jogar, cada partida é única e, acima de tudo, diverte e gera experiência para os jogadores.

É importante lembrar que tópicos acima são apenas conselhos. Não há regras e tampouco receitas prontas ou fórmulas de sucesso. O que importa é estar sempre munido de referências e repertórios variados do universo lúdico.

Go gamers!

Referências bibliográficas:

SALEN, Katie & ZIMMERMAN, Eric. Rules of Play: game design fundamentals. Massachusetts; The MIT Press, 2004

TREFY, Gregory; KAUFMANN, Morgan. Casual Game Design. Burlington: Morgan Kaufmann, 2010

foto_vinceVince Vader
Vicente Martin (@vincevader) é professor de criação digital e supervisor do departamento de criação da ESPM. Estuda, desenvolve e é apaixonado por games.

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