No segundo dia da FLIPOÇOS pude conferir a palestra que fugia dos padrões esperados nas feiras e festivais literários, pois o tema era a união da música com a poesia.
Enquanto muitos dos palestrantes falavam, exclusivamente, de seus livros e buscassem uma certa auto promoção, para Rômulo Marques seu compromisso parecia outro: tocar seu violão e entreter os interessados em toda a história que ele tinha para contar através dos acordes.
Embora a palestra tenha sido em um horário não muito conveniente, às 14 de um domingo, parece que a própria música possui um ar mais convidativo, pois todos que circulavam a área da FLIPOÇOS paravam para escutar ao menos uma música que Rômulo tocava.
Rômulo tocando na FLIPOÇOS
O músico e escritor mineiro vive há mais de 20 anos em Paris, onde toca com seu sexteto, e acabou de lançar seu primeiro livro, Voos e sonhos na mata. Uma narrativa sobre a mata brasileira, os seres que a habitam e nossa relação direta e indireta com a natureza. Mesmo que um seja um livro pequeno e voltado ao público infantil, não pude deixar de perceber o tom mais filosófico por detrás da obra: o respeito com aqueles ao nosso redor.
Ao folhear algumas páginas durante o show intimista de Rômulo pude perceber a sintonia que há entre o que ele escreve e a música de seu álbum instrumental, Fly a Kite. Suas músicas parecem refletir o som das matas tanto no nome como na melodia. Em Night Flight toda a serenidade do vôo dos pássaros da mata são representadas nos acordes e na melodia também mais calma. Já em Black River, a inspiração veio do Rio Negro, um dos mais importantes afluentes do rio Amazonas, e a música trabalha com uma transição entre a quietude da nascente do rio, seu trajeto fluído e então o encontro das águas, marcado por uma agitação maior.
Após o show, pude garantir minha cópia do livro, muito bem ilustrado por Renato Zechetto, e ainda falar um pouco com Rômulo para entender melhor a escolha do tema. Muito simpático e atencioso, me contou que, em uma de suas visitas ao Brasil, ele estava observando dois pássaros em um ritual de acasalamento e percebeu que os animais, assim como a natureza, possuem uma linguagem própria e vivem se comunicando. A partir daí começou a pensar em personagens e como a relação do homem com a natureza se modificou para uma forma mais destrutiva de alguns anos para cá.
Capítulo do livro e ilustração de Renato
Rômulo, através de suas músicas e de seu novo livro, busca passar uma mensagem de harmonia e altruísmo que são muito importantes para convivermos da maneira mais humana possível no mundo que compartilhamos.
PS: Para conferir as músicas do último álbum, Fly a Kite, acesse a página oficial do músico.
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