banner_flip

Nessa Sexta-Feira a FLIP começou um pouco mais tarde pra gente. Chegamos pouco depois das 9h para assistir à mesa com o historiador Bóris Fausto que publicou o livro “O Brilho do Bronze”, pela Cosac Naify, onde relata a sua relação com a perda da sua mulher, a educadora Cynira Fausto, falecida em 2010 e com quem foi casado por 49 anos.

A relação extremamente doída de Boris com a perda da esposa foi abordada de uma maneira bastante sensível por ele e pelo mediador Paulo Roberto Pires. Bóris leu um trecho que falava de uma visita ao cemitério do Morumbi para visitar Cynira, onde pechinchava flores com a florista e afirmou que para ele é um avanço imenso conseguir falar da mulher sem chorar.

Pouco depois, Bóris falou sobre política e com calorosos aplausos do público afirmou que o nosso atual governo opera com um “sistema mafioso”. Quando perguntado sobre a oposição ele afirmou: “Vai mal, obrigado.” Arrancando ainda mais aplausos dos presentes na tenda e do público que o assistia do lado de fora, nos telões.

Depois da mesa com Bóris, partimos para o almoço no centro histórico onde uma Coca-Cola com gelo e limão me salvou do calor e comemos uma moqueca deliciosa com a dose certa de coentro que eu nunca consegui colocar nas minhas receitas. Pedi a receita para o garçom. Ele riu e foi embora me deixando completamente à mercê de alguma próxima receita encontrada na internet.

No almoço conversamos um pouco sobre o evento e depois de alguns minutos de “como refrigerante é gostoso” ficamos discutindo sobre a rivalidade Coca-cola-Pepsi, chegando à conclusão de que as duas são bem boas e ponto. Em seguida, tentamos ir à um evento da off-FLIP sobre literatura policial, mas quando encontramos o local ele estava lotado e não conseguimos entrar.

A mesa das 17:30 contava com o escritor queniano Ngugi wa Thiong’o e o australiano Richard Flanagan. Realizada completamente em inglês, o sotaque australiano de Flanagan era extremamente difícil de compreender enquanto Thiong’o, apesar de um sotaque também carregado, falava mais pausadamente. Eles leram trechos de seus romances e falaram um pouco de suas personagens.

Depois do anoitecer encontramos andando pelo centro, vestido de Mário de Andrade, o Pascoal “Dr. Abobrinha” da Conceição, pra quem mostrei uma foto que havia tirado com ele em 1999, em uma peça do Dr. Abobrinha que ele fazia na época. Disse “esses somos nós há uns 15 anos”, ele deu uma gargalhada sonora meio Abobrinha meio Mário de Andrade e disse “Meu Deus, esse era eu!”

Pouco depois o encontrei novamente declamando trechos de Macunaíma acompanhado por uma trupe batucante-teatral que cantava um sambinha em homenagem a essa obra importantíssima da nossa literatura. Uma cena incrível no centro da cidade!

Andando perto da tenda principal, encontrei o autor de quem falamos ontem, o escritor Tolm Coíbín, que autografou meu livro e agradeceu pelo carinho, assim como agradeci pelo discurso incrível que ele havia feito na mesa de Quinta-feira.

Às 21:30, a mesa Os Imoraes, com Eliane Robert Moraes (editora da recente “Antologia da Poesia Erótica Brasileira”) e Reinaldo Moraes (autor de “Pornopopeia”) conversaram e leram poesia erótico-pornográfica em um papo engraçadíssimo e bastante despudorado.

Isso é o que rolou no Dia 3 da FLIP 2015. Amanhã falaremos desse Sábado, que contará com uma mesa com David Hare e à noite com poeta e músico Arnaldo Antunes e uma das maiores vozes da atual música brasileira, Karina Bühr. Até amanhã!

Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.