Sexta feira foi o dia que a programação principal da FLIP me prendeu praticamente durante o dia inteiro.

Comecemos com o arrependimento do dia: acordar atrasada e perder a primeira Mesa, cujo título era Breviário do Brasil, em que o americano Benjamin Moser e o britânico Kenneth Maxwell discutiram sobre o passado e presente do Brasil, além de como o brasileiro se enxerga e como é enxergado pelos outros.

Superado o fato, fui diretamente ao telão atrás da Tenda dos Artistas para a Mesa do meio dia, intitulada A história de minha morte numa mistura dos títulos dos dois convidados: “Descobri que estava morto” de J. P. Cuenca e “A história dos meus dentes” de Valeria Luiselli.

Cuenca comentou como foi realmente ter sido considerado morto, como essa história tinha como pano de fundo todas as políticas urbanas do Rio de Janeiro e como isso se tornava essencial para história. Já Valeria explicou como seus livros podem ser vistos como mapas das cidades em que viveu e o quanto nomes podem mudar uma história. Os dois ainda concordaram em tirar todos os políticos do poder, tanto no Brasil quanto no México.

Às 15 horas, a Mesa 9 – o show do eu fez com que o gramado atrás da tenda principal se tornasse um amontoado de pessoas interessadas em saber o que a argentina Paula Sibilia e o brasileiro Christian Dunker tinham a dizer.

E não era para menos. Os dois conversaram sobre o papel das redes sociais na sociedade do espetáculo, onde tudo é editado e exposto de forma a se tornar um show, e como precisamos de outros olhares para formar nossa própria identidade. Tudo isso, além de defender a ocupação das escolas e a importância do debate para que o modelo escolar possa evoluir em relação ao antigo-atual.

Às cinco e quinze da tarde um dos queridinhos da FLIP desse ano, Karl Ove Knausgård fez uma palestra sobre sua série de 6 livros “Minha Luta”, que teve o quarto volume lançado no Brasil esse ano. A coleção é uma mistura entre um romance e um livro de memórias onde o autor recorda seu passado, família e outras questões de maneira em que as lembranças sejam completadas pela imaginação do autor e os detalhes quase constrangedores arranquem sorrisos, fazendo com que os leitores se identifiquem facilmente.

Por último, mas não menos importante a última Mesa do dia foi a chamada Mixórdia de Temáticas, um nome vago para uma conversa entre três humoristas: a brasileira Tati Bernardi, o português Ricardo Araújo Pereira e o mediador Gregorio Duvivier.

Tati lançou na FLIP seu novo livro “Depois a louca sou eu” em que conta várias situações em que enfrentou ataques de ansiedade e pânico, sempre com bom humor. Ricardo estava promovendo seu manual de escrita humorística “A doença, o sofrimento e a morte entram num bar”. Após lerem trechos de suas obras os comediantes conversaram sobre como se descobriram humoristas, sobre a situação política atual do Brasil, como o humor pode ser uma forma de diminuição do medo e – é claro – religião, sempre tirando gargalhadas da plateia.

E na risada o terceiro dia da FLIP acabou, deixando nas alturas a expectativa para o sábado.

A menina que não sabe o que escrever.