Sinapse por Lucas Youssef, 01/07/2010

Parte I

A parte do fim pacífico é anulada em pouco tempo. Como seguir em frente, se todo sábado à noite, depois de um, dois, três ou sei lá quantos anos de um namoro feliz, chegam aqueles tweets com conteúdos que, traduzidos, ficam próximos de “Hoje eu vou transar com alguém que não é você”? Uma hora cansa. Uma hora fica insuportável. Esses anúncios cheios de uma alegria doentia, que foram feitos para derrubar e fazer mal… Aí vem um surto de excluir, bloquear, dar unfollow, e o que mais for necessário para sentir que a pessoa saiu de perto e não representa mais perigo.

Pra quê? O arrependimento é a companhia que vem logo depois. Quem não agüenta levar até o final é fraco. Provavelmente está sofrendo mais. Perdeu o joguinho e um pouco de auto-estima. E a tentação de ir ver o que está acontecendo, independente de ter excluído, é sempre maior. O pensamento é sempre o mesmo: “Eu não vou ficar mal com o que estiver aqui, porque eu superei e descobri que… AI MEU DEUS, O QUE SIGNIFICA ISSO AQUI?”. Sempre assim. Sempre a mesma decepção com a “única” coisa que não poderia ter acontecido – a maior mentira em que se pode acreditar é que todas as outras coisas estariam de acordo com o esperado, mas não aquela que decepciona. E não adianta, a “única” sempre está lá.

Para o caso de suportar os tais anúncios, fica a questão do espaço. Ter de ler toda hora o quanto a outra parte está feliz, falando com seus – SEUS – amigos sobre o quanto tem se realizado nos últimos tempos é pior porque é uma invasão. De um espaço virtual, em que cada um faz o que quer, mas uma invasão. Esse espaço não se respeita, não se delimita, não se prende. E serve de palco para o sempre joguinho que não deixa um ser vivo em paz. Não adianta excluir. Não adianta dar unfollow. Dar unfollow só é bom se houver um preparo emocional para ver uma quantidade absurda de RTs dados pelos seus amigos para coisas vindas da pessoa em questão. RTs de indiretas perfeitas, que não vão perguntar se a carapuça serviu. Vão afirmar. É preciso pensar bem antes de tomar atitudes em relação a convivência com ex nas redes.

São tempos difíceis para quem tem ex. A solução é não fazer as coisas que não fazem bem, de uma maneira igual. Afinal, quem tem ex é ex. É tão óbvio, mas tem gente que se esquece – e podia se lembrar. Não participar desse jogo é o ideal. Quem não está jogando, não tem qualquer coisa a perder. Preservar-se, preservar a própria moral, independente daquela vontade de dar uma resposta e não deixar barato. Independente do uso que seja feito das redes sociais, das fotos, das frases, de tudo. Força de vontade para não cair na armadilha de fuçar o que não deve. E bom senso para não cair armadilha de um futuro-ex problemático. Afinal, tem gente que não odeia ex. É possível. Mas primeiro vem aquela velha história de seguir em frente… Não adianta fingir. Não adianta fugir. Tem que seguir. Mas seguir direito.

Twitter: @yousseflucas @NewronioESPM