Sinapse por Lucas Youssef, 30/06/2010

Alguns ex são uma droga. São piores. Nenhuma outra palavra de duas letras pode ser tão negativa quanto essa. Na maioria dos casos, pelo menos. Porque tem quem goste de ex, mas esse tipo de pessoa configura a grande exceção. Mas o normal é odiar. E existem muitos ódios a ex. Dependem de onde têm início, onde têm fim, quando crescem, quando decrescem. Dependem das atitudes que são tomadas pelos dois. Para todos os tipos de pessoas que odeiam ex, ter essa figura nunca foi tão ruim quanto agora. Todos estão pedindo pelo ódio. Terminar relacionamentos sem marcas pesadas parece cada vez mais raro. Todos se odeiam quando chega a hora de dizer o famigerado adeus. Chamar atenção através de coisas baixas não é necessário, para não dizer mais, mas é o que está se tornando rotina. É o que está alimentando esse ódio.

A culpa é antes de tudo de quem começa um namoro sem perceber para onde está se direcionando. Perdendo o discernimento e o bom senso, e escolhendo os atuais (futuros ex) sem muitos critérios, como se amor fosse uma coisa encontrada no caminho de casa para a padaria – deve haver alguém que o encontrou assim, mas não vem ao caso. Amor, relacionamentos, sexo… São coisas sérias. Não adianta fazer de conta que não se importa, que é impassível e insensível – é uma defesa boa, mas só é boa enquanto dura, e não dura muito. Brincar com sentimentos como se fossem nada é uma atrocidade. Melhor ficar em casa, assistindo um filme, do que sair por aí brincando de heartbreaker. Até porque na hora de lidar com os broken hearts, o que mais se quer é deixar de lado e fazer de conta que não tem nada a ver. E pode até parecer que só um lado está perdendo, mas são os dois, sempre os dois – mesmo que nem sempre esteja tão óbvio quem perdeu o quê.

Antigamente, o máximo de constrangimento que poderia acontecer seria um encontro casual e acidental em algum lugar, de vez em nunca. Agora os encontros no mundo virtual acontecem a todo momento, encontros quase marcados, que podem ser totalmente antecipados, mas mesmo assim tem conseqüências inesperadas e impensadas. Por isso o segundo motivo para a situação estar tão ruim, são as redes sociais. As benditas redes sociais. Ultimamente tudo gira em torno delas. Não deve ser surpresa que tenham mudado, além de todas as outras, também esse tipo de relação entre as pessoas. Elas já estão aí faz tempo. Mas agora que todo mundo participa ativamente de pelo menos umas três, o negócio fica mais complicado. É só pensar num final do namoro pacífico. Cada um vai para um lado. E para mostrar que continuam amigos, não se excluem do Orkut, não dão unfollow no Twitter, ainda se falam de vez em quando no Messenger. Tentam esquecer, seguir em frente. O grande clichê de seguir em frente. Como se fosse fácil…

Parte II

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