300 é um filme baseado em uma HQ, à qual dizem ser bastante fiel (eu não li a HQ). Narra a história de um grupo de homens entrosados e de uma forte fraternidade, características que fazem deles um exército pouco numeroso, mas invencível. Não é um filme novo: já tem 17 anos. Está à beira de sua maioridade e ainda não amadureceu. Por quê?
Comecei a assistir ao filme e notei um personagem que destoava dos outros 299 espartanos aos quais lutava ao lado: Efialtes, um espartano corcunda que nao possuía a beleza apolínea de seus companheiros guerreiros. Foram necessários poucos minutos de tela para o personagem para notar que ele era excluído pelos demais, por não possuir as características físicas de um guerreiro espartano e que sua insatisfação poderia caminhar para algum tipo de revolta ou forma de retaliação; bem, após 17 anos não é mais spoiler: Efialtes trai o exército espartano e entrega sua localização para um grande exército inimigo que mata a todos em um massacre.
O que aprendemos com a história? Para mim, um pequeno exemplo de eugenia, do grego, “de boa origem”, termo utilizado para designar a seleção de seres humanos por suas características hereditárias, na busca da perfeição e do aperfeiçoamento das gerações futuras. Raça superior?
Falar de eugenia é condenável. Mas na história, o personagem é banido do grupo dos mocinhos, se revolta e pratica o ato de traição. Uma interpretação rasa mostraria que, além de ser o elo fraco do exército perfeito, ele era um traidor. Simplista? O que difere uma causa de uma consequência? No geral, um viés.
Não sei se algum leitor (Hei! Você ainda está aí?) se atentou para o fato de que o título desse texto é um palíndromo, uma sentença igual se lida normalmente ou de trás para frente. E daí? Daí que um palíndromo não tem viés: é igual por dois ângulos opostos. Eugenia é eugenia e é injustificável.