Sabe quando, às vezes, vocês vêem, escutam ou lêem algo que vocês não esperavam que lhes fosse impactar tanto? Eu, pessoalmente, posso dizer que já vivi isso várias vezes. Seja por meio de livros, filmes, músicas, vídeos ou até situações da vida real, muitas coisas nos afetam quando menos esperamos, até mesmo as mais bobas.

Nessa última quarta, eu assisti ao novo video clipe de uma musica chamada Satellite, cantada pelo cantor e ator Harry Styles; eu estava visivelmente animada para assistí-lo por ser EXTREMAMENTE fã do cantor (talvez até mesmo tenha assustado um pouco meu namorado e meu amigo, desculpa gente) e da própria música, tendo em vista que ela é uma das minhas favoritas desde que o álbum foi lançado. No entanto, o que eu não esperava é que seria bombardeada com uma exemplificação da música na vida “real” com um personagem surpreendentemente carismático, apesar de não ter feições nem fala nenhuma durante todo o vídeo.

O robozinho, chamado Stomper, nome dado carinhosamente a partir da dança que o cantor faz na ponte da música denominada “Satellite stomps”, é o personagem principal da história, que o mostra sendo um ajudante no backstage da Love On Tour, turnê mundial de Styles que já passou por mais de 30 países desde 2021. Harry é conhecido por sempre fazer questão de agradecer e creditar as pessoas que o ajudam durantes os shows, sejam elas responsáveis pelo som, segurança, luz, limpeza ou qualquer outra coisa, lhes fazendo se sentirem vistas e reconhecidas por seu trabalho duro.

A história começa com Stomper sendo mostrado no camarim, onde o trabalho dele era aspirar pó; Harry faz uma das suas únicas participações do vídeo nesse momento: ele parece estar entretido assistindo a um documentário da Nasa quando uma funcionária passa e lhe deseja um bom show, lhe deixando confuso por uma fração de segundo, mas já logo a agradecendo. Logo depois que o cantor deixa o lugar, a câmera muda o foco para o robozinho, que agora parece estar prestando atenção no programa, que estava sendo assistido por Styles quando aparece o Rover Curiosity, um robô satélite construído pela NASA que ronda Marte. 

Gostaria de deixar bem claro que, a partir daqui, vou falar a minha interpretação do videoclipe, ciente que outras pessoas podem ver o que eu vi de maneiras diferentes, mas, ainda assim, querendo reforçar meu ponto de vista a vocês, meus queridos leitores.

Quando o pequeno robô vê Curiosity, ele vê algo que ele quer ser/viver: uma expectativa muitas vezes inalcançável que colocamos sobre nós mesmos, e então sai em uma aventura sozinho em busca do Rover. 

O vídeo mostra Stomper passando por vários lugares, desde o próprio show de Harry até os canyons de Nevada, o que podemos conectar com as letras “Spinning out, waiting for you to pull me in” já que o cantor viaja o mundo, e o mesmos lugares que o robozinho passou, esperando ele o chamar pedindo ajuda para chegar em seu destino. 

Ele também é sempre mostrado sozinho, o que passa uma sensação de solidão e de que está perdido, o que coincide com a própria música que fala “I can see you’re lonely down there/ Don’t you know that I am right here?”. Esse segundo verso também se liga com uma cena em que Stomper passa por uma seta enorme apontando para Styles, que sabemos que está dentro do restaurante por fotos vazadas do set de filmagens, mas o robô não consegue vê-lo.

Essa frustração vai crescendo dentro do cantor durante a música, o que fica evidente na parte da canção na qual ele repete várias vezes que ele está lá querendo que “Stomper” o deixasse ajudá-lo. 

Quando o pequeno viajante finalmente pára, conseguimos ver que sua bateria está prestes a acabar, o que faz uma metáfora de como, às vezes, nos exaurimos porque não queremos aceitar ajuda de outros; que nosso mérito será menor ou que seríamos considerados fracos se aceitássemos a mão amiga. Quando o frame da câmera expande, podemos ver que o Harry está lá, junto a seu “amigo”, mesmo ele tendo o abandonado, deixando claro que mesmo que tentemos afastar as pessoas que se importam com a gente, se elas se importarem mesmo, elas sempre estarão lá. 

Uma das coisas que mais me pega no clipe inteiro é o final, no qual o gramado onde Stomper está parado, sem bateria, é em frente ao prédio da NASA. Ou seja, ele se cansou logo antes de realizar seu grande sonho, o sonho que o fez rodar e rodar até ele se esgotar e não conseguir concluí-lo. 

Em geral, a música e o vídeo se complementam, trazendo uma história com um personagem não convencionalmente fofo e carismático, que nos faz materializarmos a música que amamos de um jeito inesperado. A canção, que fala sobre querer estar lá para alguém e não conseguir, mostra o ponto de vista da pessoa do outro lado da linha, por mais que já conseguíssemos vê-lo.

Aliás, antes que eu esqueça, gostaria de agradecer ao fandom do Twitter por conseguir me ajudar a colocar em palavras tudo o que eu entendi assistindo a esse vídeo, mas também me mostrando várias outras interpretações do mesmo roteiro.

Muitos fãs têm sua própria teoria do que Stomper pode significar: talvez um Harry cansado que, depois de visitar o mundo inteiro fazendo shows, quando finalmente pára para descansar e relaxar, acaba por estar exausto; talvez seja uma representação de nós, fãs, que ficamos vagando pelo mundo através de algo que sentimos como “casa”, mas no final sempre teremos Styles lá para nós acolher, mesmo quando não aguentamos mais e descarregamos.

Podemos fazer mil e uma teorias sobre o que ele significa de verdade, porém nunca saberemos, já que o próprio artista fala que não gosta de dar um significado só para sua obra, já que acha que isso invalida outras pessoas com experiências diferentes que queiram se identificar com as letras.

Concluindo, gostaria de agradecer a Styles por ter feito e lançado essa música, que se tornou tanto a favorita para mim quanto para outras pessoas que se identificam com o cenário passado por ela. E agradecer ao universo por ter me deixado ver essa e várias outras músicas dele ao vivo, não apenas uma, mas três vezes.