TV & Cinema

Espontâneo a todo momento

By Luiz Daniel Gattaz

May 13, 2016

Quem já viu O Lobo de Wall Street pode ter se fascinado com a atuação de DiCaprio como o bilionário Jordan Belfort, mas muitas vezes a cena mais lembrada do filme é feita pelo excêntrico acionista Mark Hanna interpretado por Matthew McConaughey. O icônico barulho que o ator faz com a boca e as batidas não estavam no roteiro, ela foi pura improvisação do ator e de sua sincronia com o resto do elenco.

A indústria do cinema é bastante marcada por cenas como essa que surgem da espontaneidade e talento dos atores em cena. Muito antes de uma época em que tudo que acontece no set de filmagem é noticiado, o improviso já tomava conta dos filmes de Hollywood.

Em o Poderoso Chefão de 72, a cena inicial que Marlon Brando manda seus capangas ao serviço, um gatinho repousa no colo de Don Corleone. Esse gato nunca foi planejado para o filme e a cena, porém ele estava andando pelo set e pulou no colo de Brando que aproveitou para fazer carinho no gato enquanto ele falava. Embora tenha sido algo por acidente, a figura de um bicho de estimação do vilão se tornou um ícone nos filmes.

No filme Perdidos da Noite de 69, uma cena estava sendo gravada nas ruas da cidade de Nova Iorque enquanto os personagens principais caminhavam, porém um taxi quase atropelou o ator Dustin Hoffman e ele explodiu de raiva com o taxista sem sair do personagem.

Kubrick também aproveitou da criatividade de seus atores para deixar seus filmes ainda mais interessantes. Para muitos a psicopatia de Jack Torrance se resume na frase “Here’s Johnny”. Ela fez tanto sucesso que hoje pode ser considerada um ícone da cultura pop e um jargão repetido ainda nos dias de hoje. A ideia para a frase saiu do próprio Jack Nicholson e ela vem de um famoso Talk Show de Johnny Carson e Kubrick a considerou tão crucial para a loucura do personagem que resolveu mantê-la.

Já na trilogia de Nolan do Batman quem roubou os holofotes foi Heath Ledger e seu Coringa. No segundo filme, a cena do hospital, quando tudo vai pelos ares, foi fruto de um improviso de Ledger, pois ele apertou o botão antes da hora e tomou um susto quando tudo explodiu. Além de dar um ar mais cômico ao personagem, algo da natureza do Coringa, Ledger soou natural na cena e não saiu um minuto do personagem.

A intenção do cinema é capturar o movimento e representar a realidade em cena, e com o talento e naturalidade dos atores percebemos como a 7ª arte nos surpreende a cada novo filme.