Em 1992, na Universidade Boulder no Colorado, dois jovens estudantes de cinema se conhecem e por estarem na mesma sala começam uma amizade que durou mais de 27 temporadas de uma série de animação que dura até hoje e são conhecidos como a dupla Trey Parker e Matt Stone que criaram South Park. Em uma época que novas ideias eram uma dádiva, uma coisa boba como imitar vozes engraçadas um para o outro, viraria um curta-metragem de 4 minutos chamado de O Espírito do Natal feito apenas com papel, tesoura, cola e uma câmera velha, e que depois se transformou na série South Park. As duas produções seguem a mesma essência: 4 amigos que vivem em uma cidade que neva toda hora e se xingam toda hora, mas no final temos uma lição de moral. 

Como os dois criadores sempre gostaram de tirar sarro da realidade, a série já passou por muitos acontecimentos sérios e bobos e nunca deixaram uma piada passar em vão, desde ironizar o 11 de setembro, criticar o ex-presidente Donald Trump, ou até mesmo recentemente a atenção “não-proposital” que o casal Meghan Markle e príncipe Harry estão recebendo da mídia. E quem mais traz aprofundamento do humor do programa não são apenas os convidados e acontecimentos do cotidiano que são satirizados, mas também seus personagens principais que são: Stan, Kenny, Kyle e Cartman, o mais politicamente incorreto de todos desde sempre, já que constantemente faz piadas antissemitas com Kyle e chegou até a fingir que tinha condições mentais para participar das paraolimpíadas e ganhar 1000 dólares. Além dos personagens secundários que sempre ganham destaque em pelo menos um episódio, como Butters, um menino que é o cúmulo da inocência, o diretor Herbert Garrison, que sempre está bravo com tudo e a todos e já até chegou a ser presidente dos Estados Unidos, Randy Marsh, o pai de Stan, Ike Broflovski, o irmão canadense de Kyle, além de muitos outros.  

A animação é atualmente composta por arcos em suas temporadas, e a que é mais lembrada foi a história que foi contada em sua 20ª temporada onde um troll misterioso da internet começa a xingar todos da cidade e isso torna proporções globais, enquanto ocorre a eleição dos Estados Unidos e toda a população consome as Lembra-uvitas, frutinhas que constantemente lembram dos “bons tempos”, mas com um propósito mais nefasto por traz de tudo, já que deixa seus usuários por fora do cotidiano. E é justamente por conta disso que esse foi o produto cultural escolhido por mim, não por ser um programa de TV que é extremamente politicamente incorreto, mas por ser um produto audiovisual que sempre está se reinventando desde 1997, que quando precisa fazer uma crítica da sociedade não é preciso deixar a crítica implícita na tela, e que por mais que no começo parecia ser uma animação preguiçosa para cortar custos, hoje já é um estilo e deixaram sua marca na categoria de animações para adultos.