Ele seguiu uma carreira interessante, porém pouco conhecida.

Hoje a entrevista é com meu grande amigo André Finotti, formado pela ESPM e que hoje trabalha como editor de longas de ficção e documentários.

Conheça aqui um pouco da sua trajetória profissional.

 

Conte-nos um pouco da sua experiência profissional até chegar na profissão de editor

Enquanto estudava e após me formar na ESPM trabalhei com design gráfico. Como freelancer eu fazia alguns trabalhos gráficos para cinema: cartazes, créditos e pequenas animações e cada vez gostava mais do meio – a película como mídia – e do meio cultural, as pessoas reunidas com um objetivo comum muito simples, que é o de contar uma boa história. Ainda tive uma rápida passagem em web-design antes de pegar minhas economias e ir para a New York University fazer um curso intensivo semestral de cinema.

No meu retorno comecei a fazer making-of de filmes e logo entrei na empreitada de fazer o documentário Maldito, o estranho mundo de José Mojica Marins sobre o criador do personagem Zé do Caixão, o qual assino produção e montagem. O filme foi premiado no É Tudo Verdade e também no Sundance Film Festival. Mas a vida não é fácil e fiz ainda muitos making-of, sites de filmes e produtoras, documentários de baixo orçamento até me firmar como editor de cinema.

Meu caminho foi portanto um pouco incomum por não optar desde cedo trabalhar com montagem e fazer a carreira estagiário, assistente de montagem e montador. Demorou para começar mas sempre tive liberdade criativa, o que me fez exercitar bem os músculos de contador de histórias. Hoje estou no 20º longa metragem entre ficções e documentários e meu último trabalho foi minha primeira série, na qual eu tive o prazer de retomar as origens: Zé do Caixão.

 

O trabalho de editor é geralmente pouco conhecido do público. Descreva um pouco sobre seu trabalho

A grosso modo é diminuir aquelas dezenas de horas de material filmadas para os 90 minutos que o espectador vê. Em filmes de ficção nesse processo o editor impõe o ritmo, lapida as atuações do ator acertando o tempo dos cortes, refina o roteiro eliminando frases e trocando cenas de ordem, colabora na trilha sonora definindo onde tem música e como. É comum se dizer que o processo de um filme começa e termina 3 vezes: no roteiro, na filmagem que reconstrói o roteiro e na montagem que reconstrói a filmagem. E é essa última construção que fica. E no caso de documentários muitas vezes o roteiro é tecido na ilha de edição.

Qual foi o filme mais desafiador que você já editou?

Cada filme é um desafio tão grande que eu sempre acho que estou vivendo o maior! No momento estou trabalhando em 200 horas de material bruto de um documentário. Em ficção o editor escolhe as melhores tomadas, coloca na ordem do roteiro e você já tem uma estrutura para começar a trabalhar, então ter 200 horas é trabalhoso mas como tem repetições fica mais fácil diminuir, a questão é mais COMO contar a história especialmente se o roteiro for bem estruturado. Já no documentário, quando você tem 200 horas pra encarar, você tem que decidir QUAL história contar porque certamente tem vários filmes possíveis ali dentro.

Muitas vezes uso meus aprendizados em publicidade para montar também os trailers dos filmes que faço, como esses:

Mundo Cão

Tarja Branca

Já o trailer do Tarja Branca foi montado pelo Estevan Schilling que também monta comerciais, gosto muito do resultado

Os Inquilinos

 

Pode indicar alguma coisa legal que vc viu/ouviu/assistiu nos últimos tempos e que recomendaria? (filme/DJ/exposição, etc..)

Os italianos estão arrebentando novamente. Paolo Sorrentino (A Grande Beleza / Juventude) é sem dúvida um dos maiores cineastas da atualidade, e faz isso trazendo toda a herança felliniana para o presente, colocando questões emocionais e filosóficas com um toque de absurdo e humor.

Nascido na Eritréia e criado em Roma, Gianfranco Rosi é o documentarista ao qual todos estão observando. Fogo no Mar ganhou recentemente o Urso de Ouro em Berlim, nada menos que o único documentário da história a ganhar o prêmio principal em um dos festivais de primeira linha como Cannes, Veneza e Berlim. Filme cru e aberto, para fazer pensar. Primeiro documentário que vejo montado pelo meu mestre de consideração Jacopo Quadri, montador dos últimos quatro filmes do Bertolucci, e com quem eu tive o privilégio de colaborar na montagem de Terra Vermelha (de Marco Bechis).

Se você tivesse que dar uma sugestão/recomendação aos leitores desse blog qual seria?

Siga sua profissão com amor e ética. Se for impossível, troque de profissão.

 

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Darlan Moraes Jr

Formado em Comunicação Social pela ESPM e Administração de Empresas pela PUC de São Paulo.
Foi Diretor de Criação em agências como JWT na República Tcheca, D´Arcy na Romênia, BBDO na Letônia e Rússia dentre outras. No Brasil trabalhou em agências como a McCann. Depois de 15 anos fora da pátria mãe, retornou em 2012 e hoje trabalha – através da sua empresa Nova Opção - com aproximação do Brasil, Rússia & Leste Europeu em diversos segmentos de business.
www.darlanmoraesjr.com
www.novaopcao.biz

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