A maioria dos filmes de comédia se rendem as duas vertentes predominantes no gênero: O “pastelão” e o “besteirol”. A comédia americana principalmente, tende a não utilizar de todo o potencial de um filme e entrega suas piadas através apenas de diálogos, quando na verdade o cinema oferece ferramentas diversas para que isso seja realizado. Animações por outro lado, usam e abusam da comédia visual, por tratarem geralmente de um universo mais imaginativo que oferece a possibilidade de realizar piadas de formas que não seriam pertinentes em filmes menos fantasiosos.

Dentro desse contexto temos filmes que fazem parte da comédia Non-Sense e ainda sim utilizam recursos visuais como forma de entregar a piada, como por exemplo Monty Python. Porém, quando se trata de comédia visual, Edgar Wright é um dos diretores mais habilidosos. Diretor de filmes como Shaun of the Dead, Scott Pilgrim Against the World, Hot Fuzz e Baby Driver, Edgar Wright cria uma combinação de som e imagem que torna cenas clichês em uma oportunidade de se realizar humor.

Uma das características mais marcantes é a forma como ele realiza as transições entre as cenas, onde para representar um pulo no tempo ele utiliza cenas e enquadramentos similares, outra forma de transição marcante nos filmes de Edgar Wright são as que tomam como base um movimento da cena para ser realizada.

É importante destacar que além de sua habilidade em utilizar de todos os elemento disponíveis no cinema para entregar sua piadas com precisão, Wright também tem grande percepção de ritmo em seus filmes. Tal característica pode ser exemplificada pela cena icônica de Shaun of the Dead onde Shaun e Ed, interpretados por Simon Pegg e Nick Frost, debatem seu plano.

Além disso, vale a pena mencionar a construção de personagens, uma vez que a relação de proximidade com os protagonistas é criada se baseando no quão incompreendido ele é pelos personagens que o cercam na historia. Como exemplo temos seu filme mais recente, Baby Driver, onde a empatia com Baby é criada pela sua relação com Deborah.

Sendo assim, Edgar Wright sabe exatamente o que esta fazendo e onde quer chegar, mas mais importante que isso, ele tem um estilo único, com bom enquadramento, boa escolha de trilha sonora, bom timing. Wright sabe trabalhar com atores, quando o clima deve ser feliz, quando deve ser triste e principalmente hilário.

Me alimento de hate, não de hype.