#Internet por Luiz Filipe Motta

Ubisoft Brasil

Anúncio de 1º de Abril no perfil da Ubisoft Brasil no Facebook

A chamada Mídia Espontânea é um assunto interessante. Muitas vezes surge simplesmente pela qualidade (ou ausência dela) de um anúncio ou de uma ação de marketing. Normalmente não passa de uma foto no Instagram, um comentário no Facebook ou um tweet no meio dos milhões que levam o nome da marca aos célebres Trending Topics. Mas pode ter uma motivação diferente, e proporções e elaboração surpreendentes. Pode até mesmo convencer a marca a promover algo que foi criado como homenagem a uma pequena brincadeira.

Essa é a história dos vídeos da série Desventuras de Assassinos Brasileiros. O impulso inicial foi dado em no 1º de abril de 2012, Dia da Mentira. O perfil oficial da Ubisoft Brasil no Facebook entrou no clima e soltou uma notícia, literalmente, incrível: seria lançado uma expansão do jogo Assassin’s Creed tendo o Brasil como cenário, a fictícia Assassin’s Creed: A Revolução Farroupilha. Motivo de risadas e aplausos, o fato é que a ação chamou a atenção dos profissionais do estúdio PYX de animação, que decidiram produzir alguns engraçados vídeos sobre como se dariam as ações de assassinos ao redor do país. Produção de qualidade e textos inteligentes foram o diferencial do tributo. Essas, por si só, já não são qualidades esperadas em produções de mídia espontânea.


No entanto, a Ubisoft Brasil surpreendeu. Mesmo sem o objetivo, ao menos de conhecimento público, de lançar um jogo da série Assassin’s Creed ambientado no Brasil, a empresa apoiou o projeto. Abraçou a mídia gerada com braços de mãe orgulhosa de sua cria. Os vídeos são agora divulgados no canal da Ubisoft Brasil no YouTube, e os comentários são repletos de elogios aos criadores e à empresa. E esse ponto é especialmente interessante. A Ubisoft conseguiu estreitar sua comunicação com um bom número de consumidores: como os vídeos levantam questôes sobre o recém-lançado Assassin’s Creed III, é extremente útil à empresa um canal onde os consumidores sintam-se à vontade, descontraídos o suficiente para tirar dúvidas sobre esse e outros jogos produzidos por ela.

Se o projeto do estúdio PYX expande os limites da mídia espontânea no país, o apoio da Ubisoft Brasil traz uma nova reflexão. Vai além de qualquer compartilhamento entre amigos, citação em blog ou hashtag no Twitter. Vai além de permitir a homenagem e de vê-la com bons olhos. É a associação da marca ao consumidor de forma livre e amistosa.

Esse tipo de reação compreensiva por parte da empresa pode se consolidar como uma medida eficaz, especialmente após o (um pouco diferente) caso da Espoleto, que se apropriou de uma produção que criticava seu atendimento para indicar e afirmar sua preocupação com a atenção e o respeito ao consumidor. Fez isso de forma exemplar: dando atenção e respeito à crítica de um consumidor. O que deveria ser mídia espontânea negativa foi convertido em ação participativa. Algo como a reação da Ubisoft aos vídeos do estúdio PYX: o que era uma brincadeira virou fan art que virou mídia espontânea que virou ação colaborativa entre consumidor e empresa. Algo a ser aplaudido em tempos em que o diretor do Google no Brasil é preso por não retirar do ar no YouTube vídeos que supostamente denigrem a imagem de candidatos à democrática eleição que se aproxima.

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Um balão de quadrinhos, cheio de palavras que tento roubar dos ciúmes do dicionário. Palavras que ecoam como notas, das musicais. Diretamente dos meus saxofones de ouvido.