TV & Cinema

Don’t F**k With Cats: Justiceiros Nerds, Gatinhos E Um Psicopata

By Isabelle Aiko Nakazato

July 02, 2020

A internet é como o espaço sideral. Diversa, incontrolável e instável. É onde você pode encontrar vídeos de cachorrinhos fazendo malabarismos ou pornografia envolvendo tentáculos. Mas todos que já deram um clique na vida sabem das infinitas possibilidades que a web oferece, a questão é: Qual conteúdo é inaceitável? Que supera qualquer tipo de limite até para os hackers mais criminosos do mundo? A resposta é bem mais simples do que você imagina, e bem menos violenta. O intolerável até para o universo descontrolado que é a internet são aqueles que mexem com gatos!

Deanna Thompson, uma das pessoas que mais ajudou a revelar a identidade do assassino

É isso que “Don’t F**k With Cats: Uma Caçada Online” mostra para nós telespectadores com uma história que é tão intensa que parece ter saído diretamente de um livro de investigação policial, mas nem os autores mais criativos do mundo poderiam pensar em algo tão bizarro. O documentário tem três episódios de, mais ou menos, uma hora, que explicam como um grupo de nerds querendo justiça pelas vidas de gatinhos estrangulados acabou ajudando (e até superando) as investigações para capturar um serial killer. 

Tudo começa com um vídeo denominado “um menino, dois gatinhos”. Um homem aparece e mostra dois gatinhos filhotes em cima da cama, e a expectativa de todos é que ele vá fazer alguma coisa fofa ou engraçada com eles, mas não é isso que acontece. A cena grotesca de violência contra os gatos que se segue gerou indignação online, afinal, quem seria capaz de ser tão cruel COM GATINHOS? O que o autor do vídeo não sabia é que esse seria o início de seu final. 

Cena do documentário, mostrando o autor do vídeo logo depois que ele tinha cometido um homicídio

Os tempos de vida online são estranhos, e não é a primeira vez que a Netflix tenta representar isso. Black Mirror, Love Death + Robots e muitas outras produções são a prova disso, mas nenhum chega perto de Don’t Fuck With Cats, por mais que tenham muito mais ação e efeitos especiais. Afinal, por mais que sejam assustadoramente parecidos com a nossa realidade, todos são ficções. O mais sinistro do documentário é que não é um filme de terror, uma série pós-apocalíptica ou qualquer coisa do tipo, ele é o que está descrito: Um documentário sobre algo que realmente aconteceu com pessoas de verdade, não personagens imaginários. Uma pessoa foi assassinada, gatinhos foram sufocados e o sangue que está no vídeo não vem de um tubo de plástico, e sim de um ser vivo. Mas, assim como o vilão é verdadeiro, também são os heróis.

Jun Lin tinha 33 anos quando foi morto

Uma característica inegável da internet é o seu poder de dar voz para aqueles que jamais conseguiriam ser escutados. Um grupo de pessoas normais em um grupo do Facebook conseguiram reunir mais provas para a prisão do assassino do que a polícia de Montreal e de Ontário, foram esses anônimos escondidos por trás da tela que conseguiram parar esse assassino. Unidos, esses cidadãos que normalmente não conseguiriam nem tentar, por si próprios preveniram que mais alguma pessoa (ou animal) fosse morto nas mãos de um sociopata. O que podemos com certeza retirar do documentário é o quanto uma motivação em comum, como uma injusta, pode fazer um grupo de pessoas que quase não tem nada em comum realizarem feitos fantásticos com o auxílio da web. Foram um bando de nerds, que poderiam ter sido eu ou você, que impediram que um assassino continuasse a solta, só com alguns cliques e a vontade de vingar as vidas de gatinhos. 

AVISO: algumas cenas podem ser gatilhos. Recomenda-se discrição do leitor se ele/ela escolher ver o documentário.