Como grande parte do mainstream acabou sendo tomado pela grande bota vermelha da MSCHF, irei lhes contar um pouco da origem da popularmente chamada “Bota do Astro Boy”.
Nos últimos dias, essas botas têm tomado atenção de grande proporção da internet, chegando ao ponto de estourar a bolha das pessoas que acompanham o mundo da moda com uma peça que foge completamente do convencional, fazendo com que o observador tenha a sensação de ter saído diretamente de uma animação de desenho animado. O marketing da MSCHF impactou grande parte das redes sociais com seu marketing agressivo e persistente, mostrando diversas celebridades utilizando o acessório com estilo.
Mas o começo dessa história será contado aqui. Tudo se inicia após a Segunda Guerra Mundial, em um Japão sem esperanças e em estado catatônico após o fim da guerra. Como forma de escapar à realidade, com um modus operandi de apenas fazer o país crescer novamente, nesse momento de crise vieram os mangás modernos que tinham o único objetivo de divertir, usando comédia em forma de entretenimento.
Assim, os mangás acabaram tendo um gênio que aderiu a esse movimento desde sua infância, na época pré-guerra em que eram historietas cômicas; assim, o grande Osamu Tezuka, um médico de uma família de médicos que se fascinou pela influência das comics/cartoons americanos, fez obras que apresentaram ao mundo inteiro os magníficos mangás, produzindo mais de 700 séries, e sendo reconhecido como o pai do mangá moderno por ter mudado a forma que se produz e se pensa a obra. Ele fez obras icônicas para o mundo inteiro, sendo uma delas Tetsuwan Atom, também conhecido como Astro Boy.
Astro Boy é uma ilustre série que tomou diversas adaptações e variantes de outros autores fãs do ilustre autor, tendo sua primeira edição em abril de 1952. Abordando temas como o impacto da tecnologia nas nossas vidas, trazendo pontos filosóficos como a humanidade dos robôs, a capacidade do humano, dominação das máquinas e até existencialismo, as obras de Tezuka são recheadas de assuntos polêmicos como guerras e abuso.
Todas essas teleologias marcadas por Tezuka têm suas pegadas registradas até hoje, com essa direta referência das Grandes Botas Vermelhas da MSCHF, que, segundo eles mesmos, seria uma forma de trazer o conceito de abstração dos cartoons para a realidade, nos fazendo questionar sobre o status quo em que estamos vivendo no nosso dia a dia e na própria indústria da moda, realizando uma hereditariedade das ideias que foram comunicadas nas obras de Osamu Tezuka.