As regras de um jogo são os fundamentos para o funcionamento do mesmo. Regras estabelecem limites, quem vence/perde, qual espaço o game acontece e como se dá a dinâmica de gameplay entre o(s) jogador(es) e o jogo.

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Um questionamento fundamental para o post dessa semana é: como estruturar um caminho básico para criarmos as regras de um game.

Tentando responder a isso, trazemos para esta discussão Trefay e Kaufmann (2010, p.26) que no livro “Casual Game Design” elaboram alguns conselhos extremamente válidos para o momento de estruturação das regras de um jogo. É imprescindível ressaltar que os tópicos a seguir valem para qualquer tipo de jogo, não importa o grau de complexidade, plataforma ou temática. De uma maneira objetiva selecionei sete pontos mais nucleares para o processo:

1) Seja conciso e exato. As regras de um jogo devem ser objetivas. Se for possível explicar as regras com um vídeo de um minuto, não é preciso fazer um curta metragem.

2) Estabeleça claramente o que não pode e o que pode ser feito durante o jogo. Criar limites é um ponto crucial para que o player consiga visualizar se está conseguindo cumprir seus objetivos.

3) Evite muitos casos especiais e exceções. Se uma regra gera muitas exceções, com certeza o game possui algo desalinhado. Uma das piores experiências que um jogador pode ter com regras está no fato do jogo apresentar “reviravoltas” que prejudicam a lógica da partida.

4) Coloque objetivo do game de maneira coesa e clara. Se for um jogo de cartas ou tabuleiro é essencial explicar como alguém ganha, sendo um video game é importante contar quando a narrativa termina ou quem vence (no caso de mais jogadores envolvidos).

5) Conte as regras como se fossem uma história. Os video games apresentam esse ponto de uma maneira singular e, normalmente, os primeiros minutos de um game digital servem para contextualizar as regras e comandos do jogo para o player dentro do cenário proposto. Porém, os jogos de tabuleiro modernos europeus e americanos já entenderam bem esse tópico e trazem seus manuais cada vez mais ricamente exemplificados dentro de um contexto de história.

6) Dê exemplos de todas as situações.

7) Teste o jogo incansavelmente e arquive todas as anotações e documentos. O beta test de um game é o cerne de todos os ajustes que ele pode vir a sofrer em termos de regras e mecânicas.

O último ponto levantado está intimamente ligado ao processo de design iterativo que iremos discutir em um post vindouro. Por enquanto, exercite sua capacidade crítica e comece a enxergar o game além dos botões apertados e comece a analisar mais criticamente como as regras são apresentadas para o player.

Go gamers!

Referência:
TREFAY, Gregory; KAUFMANN, Morgan. Casual Game Design. Burlington: Morgan Kaufmann, 2010

 

foto_vinceVince Vader
Vicente Martin (@vincevader) é professor de criação digital e supervisor do departamento de criação da ESPM. Estuda, desenvolve e é apaixonado por games.

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