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No próximo 05/10, quarta-feira, a partir das 8:30, acontecerá um debate sobre uma questão sempre difícil, que ganha contornos específicos no mundo de hoje. Como lidar com a exposição das crianças ao mundo digital?

O Media Lab apresentará, através da pesquisadora Luciana Correa, números impressionantes sobre o crescimento do acesso ao mundo digital por parte de crianças cada vez menores.

Em parte, a questão é a mesma que se coloca da educação de cada criança em qualquer época: como se introduz a criança humana- que nasce incrivelmente desamparada e precisa da intermediação de outro humano para garantir sua sobrevivência e intermediar suas relações com o mundo- na vida social, com alguma autonomia?

A resposta de bom senso e senso comum diz: gradativamente. Estudamos o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança e buscamos estabelecer algumas balizas para aquela inserção social. Ainda que só tenhamos referencias não muito estáveis e saibamos que o amadurecimento avança de forma singular entre as pessoas, vamos tentando aprender.

Mas o mundo atual oferece um diferencial. Estamos em meio a uma revolução. Para muitos, a vida no ambiente digital é uma revolução só comparável à invenção da escrita (há cerca de 5000 anos), e da imprensa (há cerca de 500 anos). Ele altera de fato nossa vida e forma de compreende-la.

Sabemos que, a cada salto importante de inovação, surge o medo de que o mundo esteja acabando ou de que nossos valores estejam morrendo. É difícil olhar para um mundo novo que não entendemos sem ficarmos perturbados e sonharmos com um retorno a um mundo anterior, entendido como acolhedor. Quando o livro foi inventado, alguns se revoltaram e disseram que ela causaria uma degeneração nas pessoas: se tudo passaria a estar registrado em livros, as pessoas perderiam sua capacidade de memorizar!

O mundo não acabou com o livro e as pessoas não se perderam, e podemos imaginar que o mesmo acontecerá com esta nova revolução.

Mas os adultos se assumam com a autonomia cada vez mais precoce das crianças com relação a ele. Há um grande drama na noção de autoridade quando ninguém centraliza a informação ou o poder.

Temos então as seguintes questões: aquela constante sobre como expor gradativamente as crianças à sociedade; a questão específica sobre os efeitos da exposição tão precoce das crianças ao mundo digital contemporâneo.

Soma-se a estes dois um terceiro. Com a atenção e regulamentação crescentes da publicidade voltada às crianças, a existência de um ambiente novo e ainda não regulamentado se transformou numa via direta e, muitas vezes, selvagem de propaganda. Os canais de Youtube dedicadas à prática do Unbox (quando Youtubers mirins aparecem abrindo, usando e recomendando produtos) tem crescido muito.

É aqui que algo novo importante está nascendo, o que requer atenção e regulamentação urgentes.

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Pedro de Santi

Psicanalista, doutor em psicologia clínica e mestre em filosofia. Professor e Líder da área de Comunicação e Artes da ESPM.

   

 

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