Constantine, mais uma aposta da DC

A concorrência “do bem” entre as duas maiores editoras de quadrinhos de super-heróis do mundo, Marvel e DC, sempre gerou bons resultados.

Ambas sofrem pressão constante para inovar, sem perder a essência de seus personagens, apresentar roteiros e artes bacanas, tomar o cuidado de não engavetar personagens ao mesmo tempo que inserem de maneira bem calculada personagens novos. Não é algo fácil.

(por onde anda ESSE cara?)

Nas últimas décadas, no entanto, essa batalha migrou do mercado editorial para as telas de cinema. O que parecia ser impossível, tornou-se realidade: filmes de super-heróis têm estado entre os maiores block busters todos os anos.

Com nomes de peso como Batman e Superman, a DC já cede direitos para adaptações cinematográficas há muitos anos (a primeira aparição de Superman com grande orçamento nas telonas é de 1978!) enquanto a Marvel parece ter “acertado a mão” apenas recentemente, com produções que não flutuam em nível de qualidade e, mais do que tudo, conversam entre si.

Isso não era possível até certo tempo atrás pois, antes da compra da Marvel pela Disney, a marca vendeu direitos de diferentes heróis para diferentes estúdios (Homem-Aranha é da Universal e X-Men da Fox, por exemplo).

Hoje, o grande trunfo da Marvel é, justamente, ser capaz de contar uma história em diferentes plataformas e estas interagirem entre si. Quem acompanha o seriado Agents of SHIELD sempre encontra referências aos filmes e da série nos filmes, colaborando para uma experiência ainda mais profunda.

A DC resolveu não ficar atrás e, além de procurar amarrar suas duas maiores franquias nas telonas (com Batman Vs Superman) tem investido em seriados, como é o caso de Arrow, Flash e, mais recentemente, o oculto e controverso anti-herói Constantine.

Sua primeira aparição foi na série Monstro do Pântano, em 1985, na época roteirizada pela lenda Alan Moore (de V de Vingança e Watchmen). Moore diz que o personagem nasceu da vontade dos desenhistas de incluir um personagem inspirado em Sting, o baixista do The Police.

(Sting X Constantine, parecido não?)

Em 1988, o personagem ganhou sua própria revista, Hellblazer, que vem sendo publicada pela Vertigo desde então e já passou de 250 edições.

Grandes roteiristas já tiveram períodos na publicação, como Garth Ennis (de The Boys e da super atacada Preacher),Warren Ellis (Transmetropolitan, The Authority), Grant Morrison (Asilo Arkham, Os Invisíveis) e até o grande Neil Gaiman.

(capa da edição assinada por Neil Gaiman, sobre um fantasma que na verdade não estava preso a esse mundo por ódio)

Hoje Constantine voltou para a DC (que absorveu muitos nomes da Vertigo) e faz parte da chamada Liga da Justiça Dark, versão mística e sobrenatural da conhecida liga de Batman e Superman, que reúne outros nomes das histórias envolvendo magia da editora DC.

Em 2005, os estúdios Warner Bros lançaram o longa-metragem Constantine, com Keanu Reeves, aproveitando seu pico de fama pós-Matrix, como protagonista.

O filme agradou o grande público e foi bem nas bilheterias, sua mistura de tramas do mundo real com elementos sobrenaturais e religiosos estava bastante de acordo com a moda cinematográfica da época (Harry Potter, Hellboy e muitos outros estavam em alta).

Mas o filme também deixou a grande maioria dos fãs das HQs frustrados, seja pela história simplista, que exclui muito da biografia conturbada do personagem, pelas ações do personagem principal, que fogem da figura de canastrão do mesmo, e, principalmente, pela escolha de Reeves como Constantine, uma vez que os cabelos loiros são uma caraterística marcante do autor.

O seriado, no entanto, só tem agradado aos fãs das HQs. A única crítica até o momento é com relação à outra característica marcante do personagem: o hábito de fumar. Devido à regulamentação televisiva, o personagem não pode mais aparecer fumando.

Claro que ele sempre esta com seu isqueiro e o tempo todo reclama de ter largado o vício, um bom gancho para explicar a ausência.

Apesar de ter seu episódio piloto vazado na web há alguns meses, que serviu, de certa maneira, para os produtores medirem sua aceitação entre os internautas, tendo até mesmo resultado na mudança de uma das protagonistas, a série estreia oficialmente hoje, dia 24 de outubro, no canal NBC.