Você já parou para se perguntar como são organizadas todas as cenas de um filme ou de uma animação? Será que os efeitos de câmera, as movimentações de uma cena ou os cortes escolhidos são, de fato, propositais? Como os diretores conseguem passar a visão da cena que eles desejam para os outros integrantes do time de gravação? Para responder todas essas dúvidas, precisamos dar uma olhada em uma técnica normalmente usada em produções audiovisuais: o storyboard.
A criação dessa técnica é associada, primeiramente, ao cineasta francês Georges Méliès, porém foi desenvolvida por ninguém menos que Walt Disney. Em meados dos anos 30, o criador da Disney começou a usar o storyboard para seus longas, sendo o primeiro a utilizá-lo nos moldes que usamos atualmente.
Mas, afinal, o que é um storyboard? Como o diretor Ridley Scott diz, trata-se de uma “prévia” do produto final. Ao dar uma olhada pelo board, deve ser possível visualizar todas as cenas e cortes de câmera de qualquer produto audiovisual sendo produzido, para ele servir de base para a produção oficial. Portanto, elas são ilustrações que representam a sequência das cenas de forma rápida e objetiva, como se fosse uma espécie de histórias em quadrinho que retrata o conteúdo que será produzido.
Essa é uma ferramenta indispensável para a produção e tem essa importância evidenciada por ser um processo caro, exaustivo e coletivo. Sendo assim, o storyboard permite que se tenha mais controle sobre o resultado.
Para os curiosos resta uma dúvida: como se produz um storyboard? Bom, não existe uma regra específica para a criação de um, o importante é o transporte da informação. Por ser um documento de base, pouco importa se você sabe ou não desenhar super bem. Nesse caso, o importante é que a mensagem seja transportada facilmente para todos os envolvidos no projeto.
Podem ser usados três tipos de storyboard: o tradicional, que envolve uma série de esboços a lápis e é comumente utilizado na TV e no cinema pela praticidade; o miniatura, geralmente utilizado por uma equipe que já tem compreensão de como a cena ocorrerá, portanto não são necessárias anotações; e o digital, perfeito para vídeos animados.
Agora, vamos falar algumas dicas importantes para a produção do seu storyboard. Primeiramente, é importante que você faça um pré-planejamento antes de começar a rabiscar com o lápis. Comece pensando no que planeja colocar em seu vídeo. Como você quer que as pessoas se sintam ao ver seu projeto? Você está tentando vender algo? Defina suas metas antes de começar, anote todas as suas ideias iniciais para ter certeza de que escolheu a melhor.
Peça um brainstorming das pessoas envolvidas, quanto mais ideias, melhor. Ao sentir que sua ideia já está madura, crie uma linha do tempo identificando o começo, o meio e o fim do seu projeto. Em seguida, comece a desenhar!
Existem algumas partes de um storyboard. A primeira é o painel, que representa o que a câmera vai ver por meio de um desenho. Este deve apresentar o posicionamento correto dos objetos de cena, dos atores ou do cenário para que as pessoas que gravarem a cena consigam entender a visão do diretor. Desenhe caixas em uma folha ou pegue modelos de storyboard na internet e reserve um espaço para as anotações.
É importante que se use flechas para indicar alguma movimentação de personagem, de um objeto ou da própria câmera durante a cena. Podem ser utilizados textos para ajudar na compreensão da informação presente no painel. Ao final, faça uma revisão minuciosa e peça feedback de outras pessoas que estão ajudando no projeto.
Normalmente, quem produz os storyboards são os diretores em conjunto com o artista de storyboard para que consigam articular a ideia que se tem em mente. Entretanto, é comum que cinematógrafos e designers de produção participem do processo também. Após o storyboard ser finalizado, ele é compartilhado com o resto do time para que as gravações comecem.
Pode-se dizer que os storyboards são mais necessários em cenas que necessitam de um rastreamento maior de efeitos visuais sendo usados, entretanto, costumam ser usados para longas e animações inteiras. Normalmente, eles são feitos após a criação do roteiro, porém para filmes majoritariamente visuais, como Mad Max: Fury Road por exemplo, eles podem servir de roteiro.
Existem outras opções de storyboard, como fotos do local de gravação, animação das cenas, fazer um vídeo de pré-visualização sem os efeitos, cenário ou roupas, entre outras técnicas.
Cada detalhe de uma produção audiovisual é propositalmente registrado por meio do storyboard para que cada projeto sendo desenvolvido tenha o efeito desejado. Não é a toa que vemos todos esses filmes bons com diferentes efeitos especiais. Muito do crédito vai para o storyboard.
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