Abaixo está minha análise e opinião sobre o filme Ghost in The Shell, ela não contém nenhum spoiler da adaptação, mas pode ser um pouco confusa para quem nunca viu o anime original, mas também não conta com spoilers dele.

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Desde antes de seu lançamento, o live action americano baseado no famoso anime Ghost in The Shell já era bombardeado por críticas. Principalmente quanto a escolha de Scarlett Johansson como a Major, originalmente chamada de Motoko Kusanagi, mas não estou aqui para discutir questões de whitewashing ou coisa do tipo, vou apenas discutir a qualidade do filme como uma adaptação.

Afinal o filme americano faz justiça a franquia japonesa? Sim, faz, não só faz como também é um belo filme de ficção científica. Como muitos fãs do anime de 1995, eu também estava morrendo de medo de estragarem a adaptação, a transformando em um filme de ação genérico sobre uma protagonista que busca descobrir seu passado. Estava odiando os trailers, mas quando saí do cinema fiquei extremamente surpreso e satisfeito.

O que me parece dividir as opiniões sobre essa obra é a forma como o espectador pode o entender, por exemplo, alguns esperavam um remake frame por frame do filme de 1995, outros esperavam que a versão americana seguisse mais nos passos da série Stand Alone Complex, enquanto outros o enxergavam como uma nova interpretação do universo de Ghost in The Shell. Pois no fim das contas, até mesmo antes de anunciarem a adaptação americana, os fãs de Ghost in The Shell já eram divididos entre as diversas obras da franquia. Existem os que odeiam os filmes, os que amam SAC, os que preferem Arise ou os que preferem o mangá que inspirou tudo isso – e a adaptação americana não é uma exceção.

timelineA franquia Ghost in The Shell sempre foi complexa e abordou vários temas diferentes.

Mas e o filme em si? Ele é uma adaptação baseada em diversos aspectos dos filmes originais, além da série Stand Alone Complex, inserindo também ideias novas. Meu maior medo é que a filosofia fosse deixada de lado, focando mais em ação genérica, mas fui surpreso pelo contrário – a versão americana manteve a essência da franquia e conta com pouquíssimas cenas de ação, abordando também a filosofia principalmente. No entanto, a filosofia também gera polêmica entre os fãs por não ser exatamente a mesma do filme de Mamoru Oshii, mas no meu caso achei uma abordagem diferente, necessária e interessante – apesar de preferir a original.

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Quanto ao roteiro, ele realmente confirmou minhas angústias. A versão americana é bem mais simplificada e conta com alguns diálogos de exposição, mas também deve se levar em conta que o filme original praticamente não te conta nada, além de alguns diálogos que oferecem um pouco de contexto no início do longa. No entanto o enredo compensa os diálogos que algumas vezes podiam ser esquisitos ou bobos, apesar de ter algumas coisas que precisavam de um pouco mais de explicação (assim como ocorria no anime de 95 também).

As mudanças completamente originais podem quebrar ou fazer o filme dependendo da pessoa, principalmente quanto o antagonista Puppet Master/Kuze e a história por trás da Major. No meu caso, elas foram bem vindas e até melhoraram em relação ao original, exceto por algumas que confundiram um pouco.

Visualmente o filme é praticamente perfeito, homenageando a franquia original com remakes live actions de cenas famosas, além de construir uma atmosfera excelente, assim como o original fez demonstrando a realidade de sua cidade.

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Por fim, talvez o aspecto mais polêmico: o elenco e as performances. Na minha opinião, Scarlett Johansson conseguiu capturar a essência da Major com excelência, sendo fiel aos originais e trabalhando muito bem nas cenas de ação.

No entanto quem realmente se destaca é Takeshi Kitano, o ator famoso por seu papel de professor em Battle Royale, atua como o chefe da seção 9 – criando um personagem muito mais interessante que o próprio no anime original.

Takeshi-KitanoO novo Aramaki foi uma das melhores surpresas do filme.

Michael Pitt como o antagonista Kuze trouxe a vida um dos personagens mais misteriosos e intrigantes do filme, apesar de se diferir do Puppet Master, afinal Kuze é um arco da série SAC.

kuzeKuze pode ser um dos personagens mais polêmicos do filme.

Batou foi fielmente representado por Pilou Asbaek, também se diferindo um pouco do personagem original, sendo o personagem mais humano do filme.

batouO estilo de Batou se manteve, apesar de diferenças no enredo.

Portanto, Togusa foi uma das decepções, aparecendo pouquíssimo no filme e pouco foi discutido sobre seu corpo completamente humano. Alguns outros personagens novos também foram fracos, no entanto foi mais por culpa dos roteiristas do que os atores, como é o caso do genérico “Mr. Cutter”.

No fim das contas, Ghost in The Shell é a melhor adaptação de um anime já feita – mas não porque as outras são horríveis, mas sim pois manteve a essência do original enquanto trouxe modificações bem vindas, criando uma ficção científica filosófica e divertida. Apesar de alguns diálogos esquisitos e alguns personagens que foram deixados de lado, o filme é excelente e um dos melhores do ano até agora.

Viciado em games, viciado em futebol, viciado em cinema, viciado em séries e viciado em drogas pesadas: leite, glúten e anime.