Ontem faleceu mais um gigante do Rock mundial. Encontrado enforcado em um hotel em Detroid após o último do Soundgarden, Chris Cornell foi muito mais do que só um multi-instrumentista, um ótimo vocalista e líder de duas bandas e inúmeros projetos musicais de sucesso. Chris Cornell foi um dos protagonistas de um movimento que revitalizou o Rock n Roll em questão de música e atitude, o Grunge, que nasceu em Seattle no fim dos anos 1980 e teve sua alta até o meio da década de 1990, com discos como Vitalogy (Pearl Jam) e Superunknown (Soundgarden) e com a morte de Kurt Cobain.

É difícil definir exatamente o que foi o Grunge, mas o gênero, permeia entre uma evolução do Punk e um Hard Rock “mais sujo”. O Rock de Seattle tem seu nascimento muito parecido com o Punk novaiorquino. O Punk americano, nasceu no final dos anos 1970 e teve seu auge nos anos 1980. As bandas da época tinham muito pouco espaço para tocarem suas músicas próprias, então foi a partir de um lugar chamado CGBGs, que deu abertura para a extravagancia de um novo gênero musical, que surgiram grandes bandas como Ramones, Blondie, Talking Heads, Dead Boys, entre outras. O nascimento do Grunge em Seattle foi muito parecido, e talvez por isso, a atitude Grunge tinha muito a ver com o Punk dos anos 1980.

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Seattle, mesmo sendo uma cidade grande, estava longe de ser rota de grandes bandas para shows, além de ter pouquíssimos bares que aceitavam receber bandas desconhecidas para tocarem suas próprias músicas. Assim, com uma juventude longe dos eventos de Rock da época e com poucos lugares aonde tocar, começou a se popularizar na cidade shows de garagem ou shows em qualquer lugar que fosse possível se reunir com amigos para beber, usar drogas e ouvir uma música que unia toda aquela juventude de 1989. O Grunge voltou a essência do Rock, subir no palco, gritar como quiser todas as angústias que sente sem se preocupar se alguém vai gostar, fazendo questão somente que nenhuma geração acima goste.

Com o crescimento do Grunge e Seattle isolada do centro musical, concentrado em Los Angeles e Nova Iorque, surge na cidade uma gravadora independente que levou o Grunge para o resto dos Estados Unidos e depois para o mundo, a SUP/POP Records. O movimento Grunge era muito maior e tinha muito mais bandas do que somente Soundgarden, Nirvana e Pearl Jam, mas foi com essas bandas que SUB/POP conseguiu colocar o Grunge na indústria mainstream. O primeiro lançamento da gravadora foi o SUB POP 200, que era um compilado de 200 músicas que reunia as maiores bandas de Seattle, incluindo nesse compilado Soundgarden, Nirvana, Mother Love Bone (precursora de Pearl Jam), Green River, Mudhoney, The Fluid, entre muitas outras. E é nesse cenário que surge uma lenda do Grunge e um dos fundadores do movimento, Chris Cornell.

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Chris Cornell era vocalista das bandas Soundgarden, cujo o membro Jonathan Poneman foi inclusive um dos fundadores da SUB POP, e Audioslave, sendo, sem dúvida, uma das vozes mais poderosas da história do Rock n’ Roll.

Chris tocava bateria e cantava no Soundgarden quando a banda ainda era um experimento de adolescentes em suas garagens. A partir de 1984 começou a se dedicar aos vocais e em 1986 gravou o seu primeiro EP com a gravadora SUB POP, que também foi o primeiro lançado pela gravadora, e tinha as músicas “Heretic”, “Tears to Forget” e “All Your Lies” e depois fizeram parte do Album “Deep Six“, um compilado de várias bandas Grunges feita pela gravadora C/Z.  Esses compilados, frequentes no início do Grunge, permitia as bandas influenciarem uma a outra e fortalecer o movimento musical como um todo, e tudo isso graças ao “isolamento cultural” de Seattle.

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Após o lançamento de mais dois EPs (pequenos álbum com cerca de 3 ou 4 músicas), a banda chamou atenção de gravadoras maiores e lançou o seu primeiro álbum Ultramega OK em 1988. A banda começou a fazer turnês fora de Seattle e com inicio de sua fama já receberam indicação para um Grammy, logo em 1990.

A partir daí, Soundgarden deslanchou e começou a fazer sucesso pelo mundo todo lançando depois Badmotorfinger em 1991 e Superunknown em 1994, sendo considerado um dos melhores álbums da banda. Chris Cornell, no início de sua carreira, era lembrado por suas performances fantásticas e cheias de energia. Com o passar dos anos, assim como foi com Eddie Vedder, Chris Cornell foi deixando as drogas e loucura de lado, sendo, entre os remanescentes do grunge, um cara muito “tranquilo”, por isso seu suicídio causou um espanto tão grande para todos os seus fãs.

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Chris Cornell, de 2001 a 2007, foi vocalista da banda Audioslave, que formou junto com Zack de La Rocha, que havia deixado Rage Against the Machine, e juntos fizeram os albuns Audioslave (2002), Out of Exile (2005) e Revelations (2006). Chris teve alguns problemas com depressão e drogas e ficou em reabilitação por um curto período enquanto estava com Audioslave. Chris Cornell voltou a gravar com Soundgarden em 2010 com o álbum Telephantasm, apesar de sempre se reunir com ambas as bandas e lançar alguns álbuns solos paralelamente aos projetos com Soundgarden e Audioslave.

O grunge sempre foi muito relacionado a heroína e depressão com letras sempre falando abertamente sobre todos os problemas que a juventude de Seattle sentia. Assim, Chris Cornell foi mais um dos muitos músicos Grunges mortos pela depressão ou abuso de drogas como Kurt Cobain, Andrew Wood, Layne Staley, Mike Starr, Scott Weiland entre outros.

Chris Cornell marcou a história do Rock e a sua voz vai ser sempre lembrada pelos amantes do Grunge. Descanse em Paz.

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