Sinapse por Lucas Youssef, 08/04/2010
Estava aqui distraído e abstraído, prestando atenção a algumas bobeiras e pensei que talvez caiba um questionamento sobre o cenário musical atual: qual foi a última vez que alguém descobriu novas boas bandas de rock ou as próximas sensações do pop por uma rádio? Deve fazer tempo – se alguém conseguir se lembrar disso. Hoje é mais provável receber a música por um amigo, ver algo no meio de alguma lista do YouTube ou se interessar por algo que tocado em algum iPod. Cadê as rádios?
Aquele que por muito tempo foi o papel principal da rádio de música se inverteu de vez. Ninguém mais liga o aparelho esperando descobrir qual será the next big thing da música. As rádios não lançam mais ninguém. Agora elas servem a basicamente três propósitos: repassar notícias de trânsito para quem dirige em grandes cidades engarrafadas; reciclar clássicos de gêneros específicos, que é o que fazem as rádios especializadas em MPB ou rock, por exemplo, tocando poucas novidades e reanimando músicas que já tiveram seu auge; e por fim como tocadores de músicas mais jovens, por assim dizer, as-novidades-do-verão-em-algum-lugar-onde-o-sol-sempre-brilha, mais ou menos como ouvir o iPod de uma adolescente eclética no shuffle.
Este último é o mais importante para esse post. Porque houve uma grande inversão desse papel. Antes as rádios diziam para os ouvintes quais eram as músicas que eles deveriam ouvir. Agora os ouvintes dizem para as rádios o que elas devem tocar. E isso deu oportunidade para muita gente alcançar a sonhada fama. E não será surpresa para ninguém ouvir que a internet assumiu um papel fundamental nisso, com inúmeras possibilidades de compartilhamento.
Compartilhamento de conteúdo próprio e original por artistas que fazem vídeos e/ou disponibilizam suas canções para um possível público. Espalham-se por diversas redes sociais, mas concentram-se no YouTube. Compartilhamento de informações e interesses por pessoas que não estão correndo atrás da fama, mas procuram outros interessados em suas músicas e artistas preferidos. A rede preferida desses é a Last FM, mais um caminho para as rádios, agora virtual e muito mais pessoal, além de mil vezes mais interativa e dinâmica. Por tudo isso é que se pode dizer que os papéis foram invertidos. E a rádio não é mais a mesma. Não mesmo.
Twitter: @yousseflucas @NewronioESPM