Não tenho chão,
Não tenho forma,
Não tenho perspectiva,
Não tenho guia,
Eu sinto o que sou eu, mas não tenho certeza se sou eu mesmo,
Consigo conceber o outro se não tenho ciência de mim mesmo?
Não sei onde estou
Ou que sou
Quero meu eu de volta
Ninguém me conhece, mas como vou conhecer a mim mesmo?
Eu estou em todos os lugares, em todas as pessoas,
Minha palavra vale de tudo e nada
Vejo espelhos em todos os lugares,
Mas não consigo reconhecer a face em minha frente
Minha tristeza, melancolia, sofrimento não tem fim
Uma música de ninar cita lares imemoriais
Uma música que me alivia
Uma música que me abraça
Uma música que me beija
Uma música que me reconhece
Uma música da perdição
Uma música que me entristece
Uma pétala que dita um amor mortífice
De um aroma dito como seduzente
Uma aparência afável
Deslumbrante…
Tábuas que rangem e tremem
Faço de mim um ser inocente
Mesmo correr no espaço vazio que parece não ter volta, parece apontarem-me uma arma
Os fios de tecelagem dizem uma bela melodia
Ecoam uma regra que flagela minha alma
Eu vejo o mundo a minha volta se movimentando
Mas estou preso
– Mamãe Mamãe, que pernas grandes você tem
– Mamãe Mamãe, que quantidade de olhos você tem
– Mamãe Mamãe, que presas grandes você tem
– Mamãe Mamãe, que pelos grandes você tem
– Mãe, por favor, pode me colocar pra dormir?
Sei que mesmo que eu persiga uma luz que seja minha esperança,
Ela unicamente vai me levar ao caos e ao meu crepúsculo
Acredito, não, tenho convicção de ser uma joia alada das rosas
Sou um ser que para sempre vai estar na teia da aranha
Esperando que ela me cubra em seu berço imaculado
Não me deixe até mesmo nos meus sonhos mais profundos
Não me abandone
Cante no meu sono eterno
Até o final dos tempos
E a flor da Lua floresça