Segunda-feira passada realizou-se, pela primeira vez no Brasil, o concurso Miss Universo. Ganhou uma angolana, mais que merecidamente.

No dia seguinte, uns twiteiros que andam com a cabeça mais ou menos em1934, protestaram porque a vencedora foi uma… negra. Acharam o resultado um absurdo, uma armação. Armação por que, cara pálida, se a menina é um escândalo de bonita?

Não podemos fechar os olhos para o que acontece de fato. O racismo continua aí, em lugares que a gente nem imagina. Na propaganda brasileira, por exemplo, pratica-se formas veladas de racismo. Em agências de modelos por aí, o cachê de uma top negra costuma ser 50% menor que o de uma branca para fazer o mesmíssimo trabalho. E praticam isso na maior cara dura.

Mas há vida inteligente na contramão. São as agências especializadas em modelos afrodescendentes. Um negócio consolidado nos países mais evoluídos – publicitariamente falando – e que já está deixando de ser novidade aqui no Brasil. É o tipo do empreendimento que tem um baita futuro, esse das especializadas. Para se ter uma ideia, em Londres a especialização avança pelos segmentos da terceira idade, dos asiáticos, das crianças e dos bebês, só para citar alguns. Idosos, negros, orientais e pequenos agora têm tudo para fazer um tremendo sucesso entre os novos empreendedores do setor, para o desespero dos anacrônicos de plantão.

By the way, Leila Lopes é o nome da bela que venceu o concurso de miss. Ela mandou ver uma frase muito bacana: “os racistas precisam de ajuda”. Matou.

Gerson Costa