Os títulos das manchetes denunciam boa parte da história. Em nenhum momento é mencionado um nome, uma trajetória ou uma identidade. Observamos apenas termos como: garoto, menino ou derivados de refugiado.

Aylan Kurdi, o sírio-curdo de três anos, protagonizou uma das cenas mais impactantes dos últimos anos e simbolizou o ápice de um mundo anestesiado. Nós já não nos chocamos mais com assassinatos em noticiários ou injustiças políticas – todo esse amontado negativo já faz parte da nossa normalidade.

Aliás, era só uma criança afogada ou uma guerra que dura há quatro anos? Um dos desdobramentos mais perigosos dos conflitos na Síria são o acúmulo de mortes e como os grupos extremistas estão sendo fortificados para espalhar o terror. Mas e o outro lado? E nós, os telespectadores de tudo isso?

Enquanto estamos no Facebook, esse tipo de fotografia se transforma em rotina na vida de diversas pessoas. E essas pessoas – gente de verdade, que são identificadas apenas como “indigentes” ou “fugitivas” em capas de jornais – têm muito o que ensinar ou inspirar.

Ilustrações e intervenções digitais começaram a aparecer na internet assim que a foto tomou uma proporção gigantesca. As homenagens têm uma carga emocional muito forte e entre tanta alienação (que é minha-e-também-sua) evidenciam que Nietzsche estava certo, pois ainda temos a arte para não morrer da verdade.

Confira:

A inocência da infância misturada com todo esse contexto tornou, realmente, os trabalhos uma maneira de expressão muito forte. Resta agora saber se toda essa problemática será um fator de mudança e não só de impacto.

Até porque Aylan Kurdi continuará vivo por meio desses registros, infelizmente o que morreram foram aqueles sonhos esquecidos na beira do mar. Inaceitável.

Nome de rei, força de vontade de plebeu.