2023 está sendo um ano cheio de surpresas no audiovisual, mas Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não é uma delas. Obviamente porque o filme já carregava a expectativa de ser uma obra de qualidade, por conta de seu antecessor. Infelizmente, esse filme tem esse peso de ultrapassar Homem-Aranha no Aranhaverso, no quesito de ser uma inovação em animação e roteiro. Felizmente, ele não apenas se supera, como também traz mais questões filosóficas, sentimentais e reflexivas do que no primeiro filme. 

Repetindo o feito de Star Wars: Império Contra-ataca (literalmente), sendo uma sequência melhor, o filme expande a galeria de personagens e o design único de cada um, fora e dentro de seus universos. Resgata o conceito de final aberto, sem precisar ser algo brusco para deixar o espectador indignado, pelo contrário, é um elemento do 3⁰ ato que te prende até o filme acabar, sendo um cliffhanger para ser resolvido no próximo filme. 

A trilha musical, produzida por Metro Boomin, dá um aprofundamento em muitas cenas dramáticas, de ação e comédia, além da própria trilha sonora que acompanha o que a cena quer retratar de forma muito imersiva. Além da trilha sonora desenvolvida por Daniel Pemberton, que também envolve o espectador ao mostrar a atmosfera de cada personagem em específico. No primeiro filme, um dos destaques no tema musical foi a do Gatuno e nesse temos um tema musical à altura, que pertence a Miguel O’hara, o Homem-Aranha 2099, que se torna um dos antagonistas do filme. 

Agora, quando eu falo em questão filosófica, mais especificamente quero exaltar o enfrentamento do destino. Miles lida com todos querendo dizer o que ele é ou o que deve ser, e, como ele mesmo diz, prefere fazer a própria história. Isso é um tema que bate de frente com a maioria das decisões de grandes escritores do Homem-Aranha, que claramente não tem dó do personagem e os chamados eventos canônicos, equivalem ao livre-arbítrio do nosso mundo, ou seja, tudo está planejado de acontecer por uma razão e não há nada que podemos fazer, a não ser que você seja o Homem-Aranha. 

A criação de Christopher Miller e Phil Lord, que roteirizaram e produziram a animação, surpreende em muitos níveis e se arrisca ao desbravar o multiverso aracnídeo. O que mais se destaca no filme, com certeza, são as surpresas que são mostradas durante o longa, além de uma revelação à la “Eu sou seu pai”. Com absoluta certeza, posso dizer que está entre os melhores de 2023, entra no pódio de melhores adaptações de quadrinhos e animações da atualidade. E, por conta do primeiro filme ser um dos poucos que tirou a Disney da tradição de Melhor Animação no Oscar, não me espantaria se Através do Aranhaverso estivesse na corrida e ganhasse a categoria nesse ano. Por conta de todos esses fatores, é uma grande animação e está no caminho de ser uma das melhores trilogias do cinema.