Utópico é pensar em um mundo totalmente igualitário, humanitário, sustentável, e todas as outras coisas boas que fariam desta vida um paraíso. Distopia é basicamente o contrário disso. Se a utopia é boa demais para existir, a distopia ninguém gostaria que existisse.
Em 1920, a literatura e o cinema começaram a se apossar do termo em obras futuristas e que fazem corações apaixonados surgirem até hoje. A ansiedade de pensar em um futuro, principalmente levando em consideração o passado, foi o que trouxe o conceito de distopia para as ficções científicas.
O primeiro nilista que citaremos será nada mais nada menos que George Orwell, com a sua obra 1984. A venda do bestseller não para de crescer mesmo depois de décadas de seu lançamento (lembrando que Katniss foi a heroína de uma geração inteira), o que mostra as distopias entrando no mainstream, e nos mostrando uma nova ascensão.
1920-1930: O nascimento
Em meio a um cenário político caótico, que acabara por culminar em duas guerras mundiais que estariam por vir, e uma ansiedade que dominava a população foi lançada a profecia visionária de guerra por Jack London em Iron Heel, e logo após a lendária obra Nós de Yevgeny Zamyatin.
Zamyatin foi inspiração para as distopias mais comentadas pelo mundo: 1984 de George Orwell e O Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. O crítico Neil Postman descreveu as duas obras diferenciando-as pelos medos e desejos da sociedade: “Em resumo, Orwell temia que os nossos medos nos destruiriam. Huxley temia que os nossos desejos fariam isso.”
1950-1960: Impulso tecnológico
O pós guerras trouxe um punhado de insegurança para a sociedade. As distopias se concretizavam entorno do começo de uma terceira guerra mundial até o apocalipse, e nos mostravam um medo que as nações obtiveram do poderio do estado e da tão recente tecnologia (os computadores fizeram parte de pesadelos traumáticos).
Nessa época as distopias realmente mergulham no campo das ficções científicas, trazendo uma idéia de um futuro robótico e, principalmente, caótico. A combinação de todos esses tópicos formou um contexto distópico de autoritarismo do governo, predominante nos principais bestsellers como Fahrenheit 451 de Ray Bradbury e The Clockwork Orange de Anthony Burgees.
1970-1990: Um punhado de cinismo
A mudança do foco de guerras para novas discussões como meio-ambiente, gênero e direito das mulheres (carregando questões como imposição da beleza) iniciou a era do cinismo, protagonizada por O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale) de Margaret Atwood. Não podemos falar em cinismo sem citar a criação do cyberpunk (pai dos nossos queridinhos haters) de William Gibson em Neuromancer. O Doador também foi uma brilhante obra da época (mas provavelmente você deve conhecê-lo por esse filme parecido com Divergente mas não…).
2000: Ele estão de volta pra ficar
Ao dominar a cultura pop, as distopias tomam conta dos estúdios de Hollywood e ganham milhões em sucessos como Divergente, Maze Runner e Jogador Número 1. A grande causadora dessa ascensão toda tem um nome, e é Katniss Everdeen. Ao envolver a ansiedade no autoconhecimento, Jogos Vorazes se tornou uma grande febre mundial e foi a obra que fez explodir o tema nas ficções.
Os problemas geopolíticos e o atentados (11 de setembro) deixam um contexto propício, mas agora resta esperar o próximo boost.
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