Muito se discute a respeito da constante democratização da música: plataformas como Soundcloud criaram espaço para artistas independentes colocarem seus trabalhos enquanto o Spotify popularizou o streaming na indústria. Tal “democratização” pode ser interpretada em diversas vertentes: na força e possibilidade de expressão das inúmeras culturas do mundo; possiblidade de produzir e veicular e claro, no consumo pelo maior número de pessoas possível. E falando em democracia, foi nos Estados Unidos (leia-se com ironia) que surgiu o maior advento tecnológico para a popularização da música.

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Sendo direto, antigamente a música era feita por gente rica para gente rica. A elitização da arte não é novidade alguma e diferente dos outros meios (que receberam severas críticas quando popularizadas), os centros urbanos estadunidenses adoraram os ritmos country, blues e folk, oriundos da zona rural do país. Foi em 1926, com o advento do rádio, que a indústria musical se viu na necessidade de renovação: as vendas dos caros discos que não representavam a vida do cidadão “comum” caíram drasticamente e os estúdios precisavam encontrar o que viria a ser chamado de “DNA da América”.

Para isso, foi construído o primeiro aparelho elétrico de gravação, que possibilitou a revolução cultural-musical dos EUA. Esse aparelho foi reconstruído e várias das músicas de nomes como Leadbelly, The Carter Family, Whistler’s Jug Band, Lydia Mendoza e Honeyboy Edwards foram remasterizadas, enquanto grandes nomes da música atual (Jack White, Elton John, Beck, Alabama Shakes) regravaram 32 clássicos americanos com o “novo” gravador. Também foi produzido um documentário de três partes a respeito da história e reconstrução do mais importante advento para a acessibilidade musical.

Dirigido por Bernard MacMahon e com Jack White, T Bone Burnett, and Robert Redford na produção executiva, o documentário será exibido pela PBS durante o mês de maio.

Crítico mirim, desenhista amador, escritor júnior e futuro diretor (se tudo der certo).