Se você já estudou o básico de publicidade e audiovisual, vai estar familiarizado com o termo Branded Content, que, basicamente, é uma propaganda sem parecer uma propaganda. Agora, pense que esse filme seja uma mistura entre esse termo e o gênero biográfico, feito de uma forma que não fique vangloriando apenas um tênis, mas quem inspirou a modelagem dele: o grande Michael Jordan. Air: A história por trás do logo (2023), dirigido por Ben Affleck, mostra o amor tanto da direção quanto do roteiro feito por Alex Convery, sendo seu primeiro trabalho em Hollywood.
Destacando os pontos altos do filme, temos a trilha sonora, que resgata músicas marcantes dos anos 80, funcionando como ambientação e aumentando a imersão do espectador. Nesse aspecto, o filme se assemelha, e muito, com a escolha de músicas que foi feita em Karate Kid (1984), Cobra Kai (2018) e Cocaine Bear (2023), já que dá uma sensação de “bons tempos” para uma década de muita globalização. Na coletânea encontra-se músicas de bandas como Dire Straits, The Clash, REO Speedwagon, Bruce Springsteen, Cindy Lauper e muito mais.
Outro destaque do filme é a escalação dos atores para interpretarem personagens da vida real que mudaram a perspectiva da Nike; tão confortáveis e bem laceados em seus devidos papéis! As escolhas são tão boas que é fácil esquecer quem está na frente da tela, como Matt Damon, Ben Affleck, Jason Bateman, Chris Tucker e muito mais. Esse star system de peso ajuda também a dar um reconhecimento maior a essas pessoas que estão por trás de um dos maiores acordos da história dos esportes e que serviu de estopim para outros jogadores buscarem por contratos vitalícios.
Um aspecto interessante na obra, que parece ser uma questão para economizar dinheiro, na verdade, é uma forma de homenagear quem está sendo retratado. Sendo esse o fato do rosto do ator que interpreta Michael Jordan não ser mostrado durante o filme inteiro, vemos o jogador em imagens de arquivo e jogos que aconteceram durante sua carreira. No começo, isso pode incomodar quem for assistir, mas, no meu ponto de vista, é algo muito mais simples e visionário: “Só existe um Michael Jordan”.
Erra quem pensa que esse filme fala apenas sobre um tênis que só foi feito no desespero de uma marca que não tinha muito destaque no basquete da época. Eu, Renato, realmente não entendo nada de esportes, mas quando se trata de criatividade tenho uma visão muito vasta a respeito; e é exatamente sobre isso que a trama se baseia! Quando alguém começou a pensar nos jogadores como algo único, fazendo uma mescla entre marca e pessoa, começaram a ganhar uma atenção maior para quem fosse consumir seus produtos. Portanto, além de ser uma aula clara de como fazer marketing, é também como acreditar em ideias novas e, mais importante de tudo, como a carreira de Michael Jordan mudou depois de fazer o contrato com a Nike.