Post por Gerson Costa

Neil Ferreira foi um redator dos mais brilhantes. Tinha um killer instinct feroz. Na DPZ, fazia dupla com o Zaragoza e rivalizava, no bom sentido, com o Washinton.

Já o redator Percival Caropreso tinha um estilo diferente, tanto que chegou à chefia da McCann Erickson, em São Paulo.

O Neil usava, vez ou outra, o seu enorme talento também para contar histórias de publicitários. Uma delas foi sobre o Percival.

O Percival tinha acabado de ser promovido a diretor de criação adjunto. O seu primeiro job consistia em apresentar uma campanha, já aprovada, para o novo General Motors, no Rio de Janeiro. Era bico. Todas as peças tinham passado pelo pré-teste e estavam em plena finalização. A apresentação seria pro forma.

Na sala de reuniões da GM estava toda diretoria estava reunida quando o tal presidente entrou. Entrou falando grosso. Disse logo que queria ver dos opciones de campanha. O homem era mexicano e foi taxativo, para desespero do Percival. Este tentou argumentar, falar que a mídia já estava comprada, que os anúncios todos estavam em produção e por aí afora. O cara nem quis saber. Sentou-se à cabeceira e começou a se gabar, todo fanfarrão.

Em determinado momento ele disse que iria contar un chiste, que quer dizer piada em espanhol. Enquanto isso, na outra ponta da mesa, o Percival via a casa cair logo no primeiro dia na nova função. O mexicano então vira-se para ele e pergunta: Pare de guardar os layouts, você não quer ouvir?

O Percival emendou de prima: Hay dos opciones del chiste?

Do alto do seu poder, o novo presidente da GM exigiu a cabeça do pobre diretor de criação, e foi prontamente atendido pela agência. Percival Caropreso resolveu tirar umas férias. Na volta foi recontratado pela McCann.

O Neil deve estar, provavelmente, curtindo o seu sítio em Cotia.