Em 2013, Anna Vadimovna Sorokin, também conhecida como a milionária alemã Anna Delvey, roubou aproximadamente US $275.000 através da mentira mal contada mais bem sucedida da história.

Recentemente, a Netflix lançou a minissérie “Inventando Anna” que, na semana de estreia, foi o programa mais visto da Netflix. Sua premissa é contar a história da golpista Anna Sorokin/Delvey, vivida por Julia Garner, muito conhecida por interpretar Ruth Langmore na série Ozark, da Netflix, que a fez ganhar dois Emmys consecutivos na categoria de melhor atriz coadjuvante em série dramática pela performance.

A história de Anna Sorkin começa em Nova Iorque, onde fingiu ser herdeira de uma família rica da Alemanha. Assim, ela criou a persona Anna Delvin que, não só se infiltrou na elite, como também foi capaz de enganar bancos, mercados e marcas.

Durante meses, Anna usou cartões de crédito insignificantes e documentos falsificados para impulsionar a persona, a marca, que havia criado: Anna Delvin.

A série retrata muito bem a vida de luxo que viveu e interpretou sem ter o dinheiro para sustentar. Através da performance oferecida é muito claro que Anna não era apenas uma boa mentirosa, ela era (como a mesma se denomina) uma visionária. 

Em 2019, Sorokin recebeu uma sentença de 4 a 12 anos de prisão estadual e multada em US $24.000, condenada também a pagar uma restituição de cerca de US $199.000. Depois de cumprir sua sentença, ela também será deportada para a Alemanha, porém, agora com uma fortuna de US$ 320 mil que recebeu da Netflix  para autorizar os direitos de sua história, segundo o site Insider.

A série, que já é um hit, foi dirigida por ninguém mais, ninguém menos, que Shonda Lynn Rhimes e inspirada no artigo “How Anna Delvey Tricked New York’s Party People”, publicado na New York Magazine. Este foi escrito pela jornalista Jessica Pressler ,que escolheu investir seu tempo na narrativa, porque achava fascinante que uma jovem de 22 anos pudesse enganar tanta gente estudada, relevante e rica.

Voltando a falar sobre quem está por trás da série, vale destacar Shonda, popularmente conhecida como Shonda Rhimes: roteirista, cineasta e produtora de televisão norte-americana, muito conhecida por obras como “Grey ‘s Anatomy“, “Bridgerton“, “Scandal” e mais.

Shonda também é criadora da Shondaland, responsável pro produzir a série “Inventing Anna”

Um grande acerto da icônica Shonda ao dirigir a série foi criar uma narrativa que não gira apenas em torno da polêmica golpista. 

A série foi construída para dar brilho aos personagens secundários e fez o improvável: colocou uma personagem mais “chata” como protagonista de maneira que não prejudicasse o divertimento e imersão da série.

É válido destacar que diversos personagens ganharam destaque na série também porque foram interpretados por atores e atrizes extremamente talentosos, marca de Shonda que sempre oferece atrações icônicas em seus trabalhos.

Em prol do marketing, a série foi divulgada em cima do nome “Anna Delvin”, com fotos e título impactante. Ao assistir a série você percebe que Anna – interpretada pela vencedora do Emmy Julia Garner – é apenas um pedaço da história, uma verdadeira obra de ficção apenas inspirada em fatos reais.

Criando esta narrativa emocionante e diferente, a jornalista que protagoniza a minissérie, Vivian Kent, se torna uma personagem apaixonante ao se tornar amiga do espectador e dividir suas descobertas com ele.

É difícil pensar que haveria carisma em algum outro personagem além de Anna, porém Vivian consegue fazer o telespectador mergulhar na farsa da persona criada por Anna Sorkin.

Você faz parte dessa descoberta e, para aqueles que não conhecem todos os detalhes do caso, se torna uma experiência surreal. Parte disso se deve aos personagens muito bem construídos por Shonda que tramam a história e te mostram a confusão da realidade por trás do caso de Anna.

Para finalizar, é interessante pensar que na realidade os pais de Sorokin vieram de origens humildes. Seu pai trabalhava como motorista de caminhão e sua mãe era dona de uma loja de conveniência antes de se tornar dona de casa.

Era deveras improvável pensar que uma garota alemã de 22 anos seria capaz de enganar metade da elite de Nova Iorque além de fraudar diversos hotéis, restaurantes, empresas, bancos e pessoas que foi conhecendo em festas ou eventos sociais.

Anna Sorkin é uma figura singular e inegavelmente inteligente. A golpista representa uma herança do capitalismo em que dinheiro é poder e talvez a mera menção dele já seja também.

“Who can blame her? This was Manhattan in the 21st century, and money is more powerful than ever. Rare is the city dweller who, when presented with an opportunity for a sudden and unexpected influx of cash, doesn’t grasp for it. Of course, this money almost always comes with strings attached. Sometimes you can barely see them, like that vaudeville bit in which the pawn dives for a loose bill only to find it pulled just ahead. Still, everyone makes the reach. Because here, money is the one thing that no one can ever have enough of.” – How Anna Delvey Tricked New York’s Party People – The Cut

“Quem pode culpá-la? Isso era Manhattan no século 21 e o dinheiro é mais poderoso do que nunca. Raro é o morador da cidade que, quando apresentado a uma oportunidade de um fluxo repentino e inesperado de dinheiro, não a agarra. Claro, esse dinheiro quase sempre vem com amarras. Às vezes você mal consegue vê-las, como aquela parte de Vaudeville em que o peão mergulha para uma nota solta apenas para encontrá-la puxada logo à frente. Ainda assim, todos fazem o alcance. Porque aqui, dinheiro é a única coisa que ninguém pode ter o suficiente.”