David Fincher é um dos diretores mais aclamados dos últimos tempos, conhecido por sua técnica praticamente perfeita, seu perfeccionismo e sua abordagem metódica quanto à direção. No quesito de cinematografia, Fincher muitas vezes é caracterizado como impessoal e estático. Sua câmera quase sempre está em tripés, o diretor odeia cenas tremidas “handheld” e também é conhecido por fazer muitos cortes. Seu filme “Garota Exemplar” tem 2400 shots, enquanto um filme como “Sangue Negro” possuem 640. Diferentemente da maioria dos diretores, aclamados por seus planos sequência, Fincher recebe reconhecimento por construir um ritmo dinâmico por meio de vários cortes.
Mas não é somente os cortes que ajudam os filmes do diretor, afinal se cada um deles não for bem pensado nós nos cansaríamos com a mudança frequente de imagens. A imersão de Fincher está nos detalhes, algo que nem percebemos mas que faz toda a diferença: o movimento de câmera. Especialmente pelo quão rápidos são os takes de seus filmes, isso é algo que nos passa despercebido. Mas praticamente toda cena acompanha perfeitamente os movimentos do personagem, desde eles andando até uma leve inclinada de cabeça.
O Youtuber Nerdwriter exemplificou vários momentos assim em seus filmes, demonstrando também como seria necessária uma coordenação absurda de operador de câmera e ator. Ou pelo menos muito planejamento e ensaio.
O Youtuber analisa como isso pode ser efeito da obsessão do diretor com comportamento, como movimento pode transmitir significados e emoções. Existe até uma contradição, já que ao limitar os movimentos de seus atores, o resultado acaba sendo algo muito mais próximo da realidade, algo que nos aproxima dos personagens. Ao contrário de uma suposta liberdade que traria mais realismo ao filme. David Fincher comprova que definitivamente trabalho, foco e planejamento podem gerar resultados mais humanos – mesmo que o processo tenha sido robótico.