Entretenimento

A genialidade é descartável

By Renas

August 02, 2023

Não é preciso ficar fazendo nenhum trocadilho com bombas e explosivos para descrever esse filme, até porque é algo extremamente clichê. Porém, a única metáfora possível de se fazer é compará-lo ao efeito de uma bomba que, como é visto no longa, mesmo com uma explosão visível e um som previsível, ainda se surpreende com tamanha grandeza. Essa é a palavra perfeita para defini-lo, um filme grande.

Por mais que pareça ser um termo que exagere o filme, saiba que é um excelente adjetivo, justamente por mesclar sua duração, mensagem, foco narrativo e atuações que elevam o longa a sua melhor forma. A duração, que faz 3 horas não se transformarem em algo entediante, chato ou repetitivo, pelo contrário, é extremamente dinâmico e frenético, ou seja, 3 horas viram 1 hora e meia (mérito da edição e do roteiro).

Esse meio ajuda a mensagem ser passada adiante sem qualquer confusão, tirando o fato desse ser um filme de Christopher Nolan. Claro que não é algo novo, mas vira e mexe volta a ser discutida em diversas obras, que é a maldição da ambição, e ambição essa que transforma qualquer gênio, não importa seus feitos, em um simples capacho do governo, principalmente em um momento de extrema fragilidade que foi a 2ª Guerra “Mundial”.

Christopher se aproveita desse momento para apresentar um elenco fantástico para retratar os cientistas de Los Alamos. Alguns resgatados de filmes e séries presentes na infância da Geração Z, como Diário de um Banana (2010), Sky High (2005) e Drake & Josh (2004-2007), outros resgatados de filmes sem muito sucesso de crítica ou público, como Han Solo: Uma História Star Wars (2018), Bohemian Rhapsody (2018) e Pearl Harbor (2001), que aproveitam dos 5 minutos de tela para mostrar ao que veio. Destaque devidamente pontuais para as atuações de Tom Conti como Albert Einstein, David Crumholtz como Isidor Rabi, e a participação assustadoramente especial de Gary Oldman como o Presidente Harry Truman.

Pode ser difícil apostar logo cedo para quem estará nas categorias de Melhor Atuação do Oscar, porém é muito provável que Emily Blunt e Florence Pugh sejam consideradas para as indicações de Melhor Atriz Coadjuvante, assim como Robert Downey Jr. e Matt Damon para Melhor Ator Coadjuvante. Mas seria um crime hediondo se Cillian Murphy fosse esnobado pela Academia, já que praticamente se transformou no Pai da Bomba Atômica.

Agora, pode ser que, um dos focos narrativos seja criticar a participação dos EUA durante esses anos de guerra, sendo um mecanismo essencial da globalização americana nos anos da Guerra Fria, e que facilitaram para denominar um inimigo em comum na época. Criticar também a indústria bélica antigamente e como isso perdura até hoje, usando momentos assombrosos da história dos EUA como ferramenta. Escancarar como o amor pela pátria não vale de nada, se o lado político não condiz com os interesses do Estado. Portanto, o que engloba tudo isso, é que os dilemas vivenciados pelo físico teórico J. Robert Oppenheimer, tanto faz se for misturado com a imaginação dele ou um fato cru em P&B, que é um ótimo artifício do diretor para podermos imergir na visão do personagem, são o que o motivaram a seguir sua ambição em ser reconhecido como um ingênuo “Destruidor de Mundos”. Pelo menos foi o que eu interpretei.