Era uma vez um menino que tinha uma caixa. Aquela caixa era a coisa mais importante do mundo para ele. Ele não se lembrava como ele a conseguira, se fora presente ou se ele tinha achado. Mas toda a alegria que ele sentia era por causa da caixa. Dizia ele que dentro da caixa havia a felicidade e todas as coisas boas da vida. E ele era muito feliz, disso ninguém tinha dúvidas.
Um dia, o sol pegou a caixa do menino, sem que ele visse. Quando o menino descobriu, ficou triste e enlouquecido. Não aceitava que sua caixa tivesse sumido, pois sem ela não poderia viver e ser feliz novamente. E procurou por muito tempo, sem se cansar.
Entretanto, com o passar dos dias e dos meses, ele foi se cansando e, aos poucos, voltou a fazer o que fazia antes. Mas nunca se recuperou e aceitou que a vida pudesse tirar dele algo tão precioso. À medida que crescia, cada vez mais ele ficava indignado com o sumiço da caixa. E falava que a vida não era justa, que não havia felicidade mais no mundo e que as pessoas eram culpadas pela sua dor. E esbravejava muito.
Um dia, quando o nosso menino não era mais um menino, o sol decidiu revelar que havia tomado a caixa dele. Imaginem a reação dele. Indignado e com muita raiva, o menino perguntou por que havia feito isso. Ao que o sol respondeu com outra pergunta – o quanto ele havia sido feliz por todo esse tempo. O menino falou de muitas vezes que experimentara a felicidade. E, sem perceber, sorria ao contar suas coisas. E o sol também sorriu e explicou que ele precisava perder a caixa para encontrar a alegria por ele próprio. Que a felicidade não podia estar em uma caixa ou em qualquer outra coisa. E que cabia a ele, somente a ele, descobrir a caixa dos seus afetos.
Assim nosso menino finalmente teve paz.
Paulo Cunha
Experiência profissional como: publicitário em agências de propaganda (22 anos), docente (15 anos) e psicanalista (dois anos). Doutorando em Comunicação pela ESPM-SP. Formação em Psicanálise pelo CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos). Mestre em Comunicação. Especialização em: Formação de Professores para o Ensino Superior em Marketing. Graduação em Comunicação Social. Áreas de pesquisa: pensamento estratégico, comportamento humano e cinema. Autor do livro “O cinema musical norte-americano – história, gênero e estratégias da indústria do entretenimento” e Coordenador do curso de Comunicação Social da ESPM/SP.
