A psicanálise já nos deu muitos artifícios para tentar entender o ser humano, Freud foi um gênio quando (não diretamente) previu que o nosso futuro não passaria de pessoas ganhando dinheiro em cima da ilusão das outras, mas nunca nos deu a solução (se é que isso existe). Estranho é pensar que talvez uma das profissões que mais ajudaria no processo de desintoxicação é uma das mais desvalorizadas na sociedade atual (mas isso pode ter sido tudo planejado como uma forma de alienação, o que me faz acreditar muito mais nas teorias da conspiração).
O ser humano se torna cada dia mais louco, e a culpa é de ninguém mais do que ele mesmo.
Na primeira infância, todas as pessoas têm um sentimento de plenitude, sem diferenças entre o mundo. Com a chegada do princípio da realidade, o tão odiado complexo de Édipo acontece e finalmente entendemos que não podemos nem ser, nem ter tudo. Esse processo cria um vazio existencial dentro de cada um de nós, pressionando todas as nossas pulsões sexuais (não especificamente de sexo) no pré-consciente recalcado. O grande problema é que o ser humano não consegue se conformar com o vazio, entrando numa busca incessante pelo prazer do próprio eu, muitas vezes investido em um objeto.
O mundo pós-moderno foi pautado exatamente nesses pequenos prazeres, que duram não muito mais que minutos, entregando mil e uma coisas que poderiam preencher esse vazio, criando mais ilusão para o ser humano. Alucinógenos tão fortes como a vida perfeita retratada todos os dias nas redes sociais, até porque ninguém acorda bonito e de bom humor, a não ser que estivéssemos todos drogados em uma realidade paralela (o que não deixa de ser uma maneira de tentar saciar esse prazer). A felicidade parece cada vez mais cobiçada, mas também inalcançável.
A comunicação social é uma das profissões que mais crescem nesse mundo, e seria um dever de cada publicitário fazer o possível para tentar quebrar esse ciclo, uma vez que estamos no meio disso. Steve Cutts (criador de todos os cartoons acima) é um comunicador que já trabalhou na Coca Cola, Sony, Toyota, Reebok e PlayStation, mas que se rebelou contra o sistema, se tornando um dos principais ilustradores atuais.
Além de um talento nato, a sua capacidade de críticas muito bem articuladas e sacadas geniais fez com que ele gerasse um reboliço mundial. A sua última animação se chama Happiness, e sem dúvidas pode ser considerada mais uma obra prima do artista. Em um mundo ultra consumista, ratos fazem a metáfora dos seres humanos na constante busca pela completude individual. O caos é a parte mais perturbadora do curta, uma vez que faz alusão à Corrida dos Ratos, um termo capitalista usado para qualquer exercício sem fim, auto-destrutivo ou inútil.
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