No dia 12 de janeiro de 1992, uma banda de Seattle, de caras com cabelos longos e sujos, usando camisas xadrez viu seu álbum em primeiro lugar na lista dos mais vendidos da Billboard (ultrapassando ninguém mais, ninguém menos do que Michael Jackson). Esse álbum, que mirava vender meras 50 mil cópias (metade do que Sonic Youth tinha vendido em seu último álbum até então) era Nevermind e essa banda era Nirvana.

Começava assim a popularização do movimento Grunge, dos jovens deslocados que buscavam desesperadamente um símbolo que os representasse e lá estavam eles para preencher essa posição. Depois de alguns anos fazendo shows e dois álbuns já lançados, Nirvana resolveu mudar um pouco a pegada de seus trabalhos anteriores, criando algo um pouco mais melódico, mas ainda com uma temática mais pesada ligada às canções.

Com dizeres como “Deus é gay”, abordando temas como depressão e até relatando um caso real de sequestro, tortura e estupro, consagra-se um dos maiores álbuns do rock’n’roll, muito mais brutal do que nunca. A música “Something in the Way” carrega consigo uma espécie de lenda acerca de um momento da vida de Kurt Cobain, quando morou embaixo de uma ponte, que virou um ícone para os fãs de Nirvana.

Com 12 canções, incluindo o hino da geração grunge “Smells Like Teen Spirit”, o álbum representa uma mudança no público roqueiro. Agora, são os jovens que lotam estádios para ver seus ídolos arrebentarem equipamentos, se jogarem do palco e, finalmente, fazer história na música. Era a revolução.

Há quem diga que setembro de 1991 foi o final dos anos 80. Depois de uma onda de clamor por música pop, Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl não tinham a pretensão de tornar-se ícones mundiais do rock, por isso o álbum foi tão deliberadamente íntimo e transgressor e talvez seja esse mesmo o motivo de ter sido um sucesso tão grande.

Imortalizadas na voz do grande Kurt Cobain, as músicas de Nevermind tornaram-se referência para entender a juventude dos anos 1990, a música a partir de então e a negação de tudo que acontecera antes. O objetivo da banda era criar canções musicalmente simples, que fossem fáceis de serem ouvidas, porém incrementadas com a poesia profunda e destabulizadora de  Kurt Cobain, que faz até hoje qualquer um bater cabeça e gritar enquanto coloca no último volume músicas sobre mentes suicidas.

Não conseguiu ser VJ da MTV.