Não, não estamos falando da novela global. Boogie-Woogie é um estilo de blues cujo piano é o instrumento principal. Acompanhados das chamadas Big Bands, verdadeiras orquestras com sopros, percussão e cordas, os grupos  chegavam a ter até 3 pianos em sua formação.

Uma mostra para se deixar tocando enquanto se lê o post (o vídeo tem 2 horas de duração, é uma trilha sonora mesmo):

Diferentemente do blues, emotivo, melancólico e intimista, o Boogie-Woogie é um ritmo para se dançar. Surgiu em meados da passagem do séc. 19 para o séc. 20 nos EUA e é caracterizado pela pouca influência que seu instrumento principal, o piano, tem das composições e instrumentistas europeus, de  herança erudita.

Não é fácil determinar a origem do estilo, por não ser “música de branco”, o estilo tinha uma expansão marginal, no boca a boca, no encontro de artistas em casas de show e bares. Os relatos coletados nos anos 1930 remontam sua origem ao Texas, em meados de 1870. Mas ninguém sabe ao certo.

O estilo inspirou uma obra-prima de um dos mais conceituados e influentes artistas do século 20, Piet Mondrian.

boogie_mondrian

As linhas do quadro, intitulado “Boogie-Woogie” seguem o raciocínio e o ritmo do estilo musical de mesmo nome: ordenado em sua forma, mas livre e criativo em seu conteúdo. Como toda boa canção, os solos e improvisações por vezes atingem um clímax, impactante e distoante do resto da obra tal qual os grandes retângulos vermelhos, amarelos e azuis que fogem às ordenadas linhas do quadro.

Só para se entender um pouco mais do que está representado no quadro, as linhas também seguem de maneira abstrata um mapa da região de Manhattan, já epicentro cultural americano e local de residência amado por Mondrian, que para lá fugiu durante a Segunda Guerra Mundial.

Para quem gostou do estilo, nós brasileiros temos um ótimo exemplo do estilo no som dos curitibanos da Six Pack Squad, que conta com big band mais um belo vocal feminino.

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Minha barba. Minha vida.