Tramas com apenas um enredo e facilmente entendidas de primeira já não é mais o que nos interessa. Mas como podemos inovar? Sense 8 é uma boa escolha.

A série do Netflix mostra um grupo de pessoas ao redor do mundo ligadas mentalmente, buscando uma maneira de sobreviver ao serem caçados por aqueles que os veem. Não entendeu? Bom, só assistindo (3 vezes) para conseguir entender toda a metalinguagem presente nessa série que já tem sua 2º temporada com estreia confirmada. Porém, o novo filme Zoom, uma parceria Brasil/Canadá, consegue ser ainda mais confuso que Sense8.

O filme que estreou no dia 31 de março, dirigido por Pedro Moreli, está fora dos padrões convencionais. Ele conta a história de três artistas conectados através da arte. Edward (Gael García Bernal) é um diretor de cinema obrigado a filmar, contra a sua vontade, o final de seu longa. O filme produzido pelo ator, trata-se de uma modelo brasileira, Michelle (Mariana Ximenes),  que deixa o namorado e a carreira nos Estados Unidos para voltar ao seu país natal, Brasil, para se tornar escritora. Porém, Edward é um desenho feito por Emma (Alison Pill), ela o desenhou baseado em seu “homem ideial”. Michelle é uma pessoa real dentro de um filme produzido por um desenho.

A inspiração do filme, certamente, veio do livro chamado “Zoom”. Tanto no nome quanto na história do livro, podemos perceber relações com o filme. O livro é composto em uma série de ilustrações, as quais estão conectados, ou seja, uma pequena parte da primeira ilustração faz parte do todo da segunda ilustração, e uma pequena parte da segunda ilustração faz parte do todo da terceira, e assim sucessivamente.

Por se tratar de 3 histórias diferentes, retratam inúmeras questões que estão constantemente sendo discutidas na sociedade atual. Entre elas, o relacionamento abusivo e o feminismo, como forma de satirizar Hollywood e o machismo presente na mentalidade do público. Na história, Michelle, uma modelo brasileira que já não se vê mais com a mesma paixão por seu trabalho decide finalmente levar em frente seu sonho de ser escritora. Porém, Michelle é apenas desestimulada pelo namorado e empresário Dale, que a julga incapaz de se tornar uma escritora bem-sucedida. Paralelamente, temos a história de Emma, uma quadrinista insatisfeita e insegura com seu próprio corpo, constantemente lembrada sobre tal insegurança por uma sociedade opressora.

Como pode ser observado, essas histórias só fazem algum sentido porque criamos ele, já que na realidade elas não possuem nexo sem uma interpretação. Cada vez que tentamos compreender e entrelaçar um sentido pelas histórias, mais confusos ficamos, e isso com certeza é objetivo do filme, que você deve assistir (no mínimo 2 vezes).

Texto de Giovanna Amaral e Letícia Bufarah

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