Em 1818, depois de escrever um dos maiores clássicos da literatura mundial, Mary Shelley teve que utilizar outro nome para publicar Frankenstein pelo simples fato de ser mulher. Mesmo colocando em palavras a angústia do homem com Deus, a indignação com a morte, o sentimento de vazio e relacionar à sua história o mito grego de Prometeu, Shelley ainda não pôde assinar sua obra pois isso não era bem visto.

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Felizmente, nós percorremos um longo caminho desde então e superamos muitos obstáculos e preconceitos que apareceram e várias grandes mulheres conseguiram fazer história na literatura, principalmente no terror, com nomes como Anne Rice e Shirley Jackson, que fizeram livros excelentes e mundialmente reconhecidos.

Na indústria cinematográfica, as mulheres também vêm conquistando terreno com seus filmes de terror não só em quantidade, como em qualidade. Uma das razões práticas disso é que os fãs do gênero nunca estão saciados de conteúdo, o que faz com que haja maiores oportunidades para novos talentos surgirem. Além disso, os filmes feitos por mulheres geralmente têm um termômetro muito mais alto, já que existem muito mais barreiras para elas do que para homens na indústria.

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Filmes como “The Babadook” e “The Invitation” foram dirigidos por mulheres e não tem como negar que eles são excelentes. Muito mais do que uma sequência intrigante, que faz o coração acelerar, as histórias desses filmes são alegorias para coisas maiores e mais profundas. O primeiro, sobre o peso de uma mãe que lida com um filho perturbado sozinha e o segundo é sobre o que há após a morte, a perda. Não que homens sejam incapazes de transmitir um sentido maior e mais profundo em um filme de terror, mas a indústria já está saturada com filmes de terror que só assustam e nada mais. As mulheres vêm dando uma nova perspectiva à indústria do terror.

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Em março de 2017 estreia o filme “Raw”, escrito e dirigido por Julia Ducournau. Esse carrega em si o peso de ser um dos filmes mais grotescos de todos os tempos, tendo feito alguns de seus espectadores passarem mal a ponto de desmaiarem. A diretora diz que já ouviu que mulheres fazem bem ao terror porque elas trazem “delicadeza”. Ainda há muito o que se aprender no mundo de forma a criar novos espaços para as mulheres na indústria do entretenimento, mas estamos chegando lá.

Não conseguiu ser VJ da MTV.