Raramente paramos para escrever sobre peças de teatro e se escrevemos foi sobre algum clássico ou até mesmo uma adaptação cinematográfica. Porém,  nesse domingo tive o prazer de conhecer o Grupo de Teatro Tangerina, dos alunos da ESPM, e a nova peça Ensaio.

O próprio nome já se torna uma metáfora e uma metalinguagem, pois há momentos que a narrativa se mescla com exercícios de respiração, relaxamento e espaço como se estivéssemos de fato assistindo à uma aula do grupo ministrado por Lorena.

No entanto, esses instantes são uma própria pausa para a plateia poder inspirar e poder digerir de fato o que estava em discussão a cada cena do espetáculo.

Enquanto estamos tão preocupados com a vida lá fora e nossas tarefas rotineiras acabamos por deixar de lado uma das maiores e melhores coisas que há na vida: o poder de sonhar.

Não somente o sonho que temos durante a noite, mas sim aquele que nutrimos, ou deixamos de nutrir, desde sempre. Afinal, você ainda sonha? Esse grande debate e questionamento trazido pelo grupo nos serve para lembrar que muitas vezes ele pode ser algo intangível, mas é saudável e muito bom continuar sonhando em tempos tão catastróficos.

Nossos sonhos podem ser muitas vezes utópicos, mas isso os torna tão especiais e essenciais para seguir em frente, mesmo que a cada passo em frente, mais longe ficamos. Assim falava Lorena ao citar Eduardo Galeano como uma forma de ilustrar como é importante sonhar e continuar sonhando, porque é muito triste perceber que crescemos e eles ficaram engavetados no passado. Como uma criança, nossos sonhos devem nos levar longe e nos trazer alegria, mesmo que seja da forma mais simples como caminhar em linha reta e em slow motion.

Para deixar a mensagem com um toque ainda mais pessoal, os integrantes do grupo estão constantemente relatando suas experiências pessoais e anseios, porém muitas vezes outro membro interpreta o próximo, para deixar a plateia não apenas com um questionamento, mas para mostrar que a vida de um pode ser também a do próximo.

Ao final o interessante é perceber que não estamos ouvindo apenas relatos sobre os integrantes do grupo, mas sim histórias sobre nós mesmos.

Com o pé na estrada e a cabeça na lua.