A ficção científica se apropria do futuro para criticar o presente, ao passo que fica registrada no passado. “1984”, “Admirável Mundo Novo” e “Laranja Mecânica” são ótimos exemplos de como o gênero é poderoso e marcante, sendo até hoje discutidos e correlacionados com a sociedade atual. Durante o século XX, muitos medos vieram a tona: esta que fora marcada por desastres radioativos, preconceito, guerras mundiais, frias e nucleares.

No contexto do vício pela inovação, esses autores questionaram até onde as novidades são avanços e não retrocessos perigosos. Em meio às distopias que anunciam o fim da humanidade, surge o Planeta dos Macacos, do francês Pierre Boulle.

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O livro (adaptado fielmente para o cinema em 1968), narra a chegada de humanos em um planeta dominado por primatas, no qual estes contam com tecnologia avançada, inteligência e dominância sobre os humanos nativos. [Spoiler dos anos 60] A grande crítica é: na verdade o planeta é a própria Terra, muitos anos após o início da missão espacial. A tecnologia avançara e os macacos, antes experimentos de laboratório, desenvolveram inteligência e dominaram o planeta. Ou seja, os próprios humanos e sua falsa evolução os levaram à autodestruição.

Mas… por que eles aprisionaram os humanos?

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É o que conta a nova trilogia, iniciada em “Planeta dos Macacos: A Origem”, de 2011. A trilogia apropria-se da linguagem de filmes blockbuster para narrar a trajetória de César, o primeiro experimento bem sucedido e posteriormente líder da tribo de primatas inteligentes. Os longas acertam na essência original, que, mesmo com o tom diferente, continuam a tratar das sequências de erros humanos, da disfunção em viver em harmonia com a natureza e outras espécies.

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“Eu não comecei essa guerra. Eu só luto para proteger os primatas”. A memorável frase do último lançado de “Planeta dos Macacos: A Guerra” evidencia a necessidade humana de se sobrepor às outras espécies com poder coercitivo. “Há tempos em que devemos abrir mão de humanidade para proteger a humanidade” é o discurso do general vivido por Woody Harrelson, que defende o ideal de “devolver a Terra aos humanos” (familiar?).

O estúdio deu uma aula de como fazer prequels e o último filme da trilogia chega aos cinemas no dia 14 de julho de 2017.

Crítico mirim, desenhista amador, escritor júnior e futuro diretor (se tudo der certo).