O Spotify, maior provedor de música via streaming do mundo, permitiu a audição de um grande número de músicas direto de seus servidores com um formato de negócio bastante simples: cobrando uma mensalidade de seus assinantes e repassando uma certa quantia para os artistas e bandas com base na quantidade de vezes que cada música foi tocada.

A banda Vulfpeck, dona de um som meio groove/retro muito interessante, decidiu investir em um projeto interessante: sair em turnê, mas com todos os shows gratuitos.

Para financiar a empreitada, a anda resolveu se apropriar do modelo de negócio do Spotify, de uma forma bastante criativa.

A banda lançou um CD com músicas “silenciosas” (na verdade sem som algum), com incríveis nomes como “z” e “zz”, e encoraja os fãs a rodarem o CD em repeat ao longo da noite. Pelo Spotify, a banda ganha U$ 0,005 por play, em uma noite inteira (uma média de 8h) a banda ganharia U$  4 de cada um de seus fãs.

A ideia de músicas silenciosas, bastante criativa como forma de explorar o sistema bastante engessado de remuneração do Spotify, no entanto não é novidade.

O grande precursor disso foi o grande compositor americano John Cage e sua 4’33, que até hoje causa estranheza em meio à concertos e audições, por consistir basicamente de 4 minutos em que os músicos nada fazem além de segurar seus instrumentos.

Será que os “fãs” que pagavam exorbitantes quantias para apreciar orquestras ficavam tão satisfeitos com a composição sem som de John Cage quanto os fãs de Vulfpeck ficam hoje?

Minha barba. Minha vida.