A Cidade do Rock é a casa do (autoproclamado) maior festival de música do planeta. O complexo abriga os palcos Mundo e Sunset, a Rock Street e a Tenda Eletrônica, por onde passaram, nas últimas duas semanas, inúmeros artistas, selecionados entre os melhores do Brasil e da Terra. Com todo esse público voluntariamente confinado em um espaço de produção em massa de memórias alegres, é fácil imaginar que a sagaz e onipresente publicidade também estaria por lá.

Importante dizer: a publicidade estava bem representada. Ações acertadíssimas, instalações que realmente atraíam a atenção e muitas vezes o próprio dinheiro do público. Algumas ações eram novas, outras foram recicladas da edição anterior do festival, mas a maioria foi bastante eficiente.

As instalações mais chamativas eram as oferecidas por Itaú, Heineken e Chilli Beans. Enquanto o banco laranja estampou seu nome em uma roda gigante, a cervejaria e a grife de óculos completaram o parque de diversões com uma tirolesa e uma montanha russa, respectivamente. A tirolesa, ideia original do Rock in Rio 2011, foi reaproveitada com igual sucesso: Chad Kroeger, vocalista do Nickelback, ficou admirado com as pessoas que desciam os fios que passavam em frente ao palco, e disse querer aproveitar ele mesmo a atração.

Também foi interessante a presença de lojas que vendiam algo além dos tradicionais suvenires, como a Tabacaria Lucky Strike, a lojinha de guloseimas das Americanas e a boutique da Taco. Entre essas, a Tabacaria foi a ideia mais inovadora, com certeza: além dos cigarros da marca e de outras, de charutos e de um isqueiro inusitado, a loja disponibilizava para venda, em parceria com a Tracks, diversos vinis, de artistas que se apresentariam no festival até álbuns clássicos dos Beatles e de do Rei do Soul, James Brown. Uma proposta acertadíssima, que soube aproveitar muito bem a aura do festival.

Havia também uma instalação da Niely, a CliniHair, que prestava serviços de salão de beleza a quem quisesse dar um trato no visual entre um show e outro. Ao lado dela estava a loja da Chilli Beans, que tinha como atrativo especial para o festival o lançamento da nova coleção, inspirada no Poeta do Rock, Cazuza. A estratégia deu certo: antes do fim do festival, já havia modelos esgotados. Além disso, havia uma espécie de pub da Heineken, e um terraço com atrações musicais oferecidas pela VisitBritain.

No entanto, mesmo com tantas ações atraentes e eficazes, ainda houve espaço para ações que praticamente não surtiram efeito, como a distribuição de leques pela Delta Airlines e a distribuição de um chapéu inflável pela Shell. Este último, apesar de ser visualmente muito bacana, tinha relação nula com a marca, o que impediu associações imediatas.

Portanto, dá pra dizer que o Rock in Rio foi, além de um lendário festival de música, um belo festival de criatividade publicitária. Pessoalmente, posso afirmar que era fácil cair em tentação: em apenas dois dias de festival, saí de lá endividado com os custos de dois isqueiros e um vinil da Tabacaria Lucky Strike, e um óculos da Chilli Beans. Mais que consumismo meu, isso é resultado de boa publicidade. E isso é um bom consolo para um publicitário de bolso vazio.

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