Anteontem, o mundo da música ficou abalado com a maior perda dos últimos tempos: Chuck Berry faleceu em sua casa, perto de Wentzville aos 90 anos. Considerado um dos inventores do rock, o cantor continua sendo homenageado por inúmeros artistas nas redes sociais, reflexo da sua influência incalculável para o gênero.

A procura por entrevistas, gravações, vídeos, notas e cartas antigas/perdidas é comum após a morte de artistas influentes, afim de entender a vida e a mente do falecido. Contudo, um item curioso foi republicado pelo Louder Than War: uma entrevista com Chuck para a fanzine Jetlag, na qual o músico critica, de maneira cômica, as músicas que faziam sucesso na época. Publicada nos anos 80, a entrevista mostra a opinião do lendário guitarrista sobre o Punk: sub-gênero do rock que se encontrava em ascensão e contava com um forte movimento regado por insatisfações e críticas à sociedade. sept80-10-11 sept80-12-13

Em meio aos artistas citados, estão nomes influentes como: Sex Pistols, Ramones, Talking Heads, entre outros. Confira:

“God Save the Queen”, Sex Pistols:

“Com o que esse cara está tão zangado? O trabalho e a progressão da guitarra são como os meus. Bom backbeat. Não consigo entender a maioria dos vocais. Se você vai ser bravo, pelo menos, deixe as pessoas saberem com o que você está bravo.”

“Complete Control”, The Clash:

“Parece o primeiro. O ritmo e os acordes funcionam bem juntos. Esse cara teve uma dor de garganta quando cantou os vocais?”

“Sheena is a Punk Rocker”, Ramones:

“Um bom pequeno salto. Esses caras me lembram de mim mesmo quando eu comecei, eu só sabia três acordes também.”

“What I Like About You”, The Romantics:

“Finalmente algo que você pode dançar. Soa muito como os anos sessenta, com alguns de meus riffs jogados dentro para uma medida boa. Você diz que isso é novo? Eu já ouvi essas coisas muitas vezes. Eu não consigo entender o grande rebuliço.”

“Psycho Killer”, Talking Heads

“Um número um pouco “funky”, isso é certo. Eu gosto muito do baixo. Boa mistura e um verdadeiro bom fluxo. O cantor soa como se ele tivesse um caso ruim de medo de palco.”

“I Am The Fly”, Wire / “Unknown Pleasures”, Joy Division:

“Então este é o chamado “novo material”. Não é nada que eu não tenha ouvido antes. Parece um velho blues que BB e Muddy carregariam nos bastidores do antigo anfiteatro de Chicago. Os instrumentos podem ser diferentes, mas o experimento é o mesmo.”

A visão irônica da música punk se assemelha às maiores críticas ao gênero, no que tange a falta de técnica com os instrumentos e a repetição das músicas. Sem deixar de ressaltar os pontos positivos, Chuck parece não entender o conceito da raiva nas músicas.

Crítico mirim, desenhista amador, escritor júnior e futuro diretor (se tudo der certo).