Dinheiro é o que movimenta qualquer indústria, até a do cinema. Querendo ou não, os grandes estúdios e distribuidoras têm de pensar em seus filmes como mercadorias, assim nem sempre prezando pela qualidade do produto final, mas pela rentabilidade dos mesmos. Tal rentabilidade é definida, em grande parte, pelas vendas de ingressos de cada filme, mas como saber o que faz um filme ser bem-sucedido ou não em bilheterias?

1. Escapismo

O que buscamos no cinema, muitas vezes, é uma forma de fuga da realidade. Por exemplo, no ano de 2008, auge da crise americana, os filmes mais rentáveis nos Estados Unidos foram:

  • Batman – o Cavaleiro das Trevas (ganhando, só naquele ano U$531,001,578)
  • Homem de Ferro (U$318,412,101)
  • Indiana Jones e a Caveira de Cristal (U$317,101,119)
  • Hancock (U$227,946,274)
  • WALL-E (U$223,806,889)
  • Kung Fu Panda (U$215,434,591)
  • Madagascar 2: A Grande Escapada (U$177,016,810)
  • Crepúsculo (U$176,922,850)
  • 007 – Quantum of Solace (U$166,820,413)
  • Horton e o Mundo dos Quem (U$154,529,439)

Ou seja, três filmes de super-herói, três franquias que recebem sequências, quatro desenhos animados e uma adaptação de um livro infantojuvenil. Todos eles tendo em comum o fato de que possibilitam um escape do cotidiano do espectador.

crise

2. Grandes Gastos na Produção Audio-Visual

A indústria cinematográfica movimenta muito dinheiro. Até o filme mais “low-budget” precisa de milhões de dólares para ser produzido, como Juno, que teve orçamento de U$6.5 milhões.

Portanto, o estúdio, distribuidora e afins responsáveis pelo trabalho têm como objetivo ter esse dinheiro de volta, o que nos Estados Unidos muitas vezes ocorre com a venda de ingressos no fim de semana de abertura do filmes. O que dá muitíssima importância para a presença de seu filme na maior quantidade de cinemas.

3. Exposição

Os filmes com maiores orçamentos acabam sendo exibidos em mais cinemas do que os com orçamentos menores. Dessa forma, atingem mais pessoas os filmes que custaram mais aos estúdios, os famosos blockbusters.

Por exemplo, Jurassic World (2015), abriu em 4.274 cinemas, enquanto Quarto de Jack foi lançado em apenas 862 cinemas, o primeiro ganhando U$208.806.270 e o segundo U$1,335,563 no primeiro fim de semana.

4. Interpretação de números

No final das contas, são os estúdios que definem o que veremos ou não. Sua análise muitas vezes não tem fundamento no conhecimento sobre cinema, mas nos números de bilheteria que cada filme gera. Quanto mais certo filme vende, mais é entendido pela indústria que filmes semelhantes devem ser produzidos, assim gerando um ciclo de blockbusters muitas vezes esquecíveis.

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No entanto, não são as vendas de um filme que definem sua qualidade. Diversos filmes agora considerados clássicos cult, como Donnie Darko (2001), Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982), Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010) e Clube da Luta (1999), foram fracassos nas bilheterias, o que mostra que o conhecimento público de um filme é muito mais definitivo para seu sucesso do que sua qualidade.

Portanto, devemos assumir responsabilidade pela produção de tantos “sequels”, “prequels” e “reboots”. Somos nós quem escolhemos o que terá grandes vendas e o que fracassará. Então, da próxima vez que for ao cinema, lembre-se de que seu ingresso te dá poder, seu ingresso pode ser definitivo para a criação de um novo clássico ou de mais um Busca Implacável.

De grão em grão, tanto bate até que fura.