#news por Henrique Castilho

O novo vencedor do prêmio de poesia da biblioteca nacional estava concorrendo com Ferreira Gullar e Affonso Romano de Sant’Anna. O novo vencedor do prêmio de poesia da biblioteca nacional tem 95 anos. Ninguém nunca tinha ouvido falar no novo vencedor do prêmio de poesia da biblioteca nacional, nem os jurados.

Esse ano a poesia brasileira descobriu um novo integrante. Um poeta que já vinha escrevendo há pelo menos uns 70 anos, mas só foi descoberto agora. O padre Daniel Lima (pernambucano, 94 anos) teve seus poemas “roubados” pela professora Luzilá Gonçalves Pereira. ALELUIA! O poeta não tinha interesse nenhum em publicar seus poemas e era muito cauteloso com sua obra – mesmo quando emprestava para amigos, determinava datas de devolução dos poemas. Segundo ele, pessoas que ficam expondo suas próprias obras obras são arrogantes, intelectóides prepotentes. Pensamento que ele demonstra em um de seus poemas:

“O intelectual é um urubu
que se julga vestido
mas que está nu
com uma pena de pavão
enfiada
no cu.”

Daniel Lima tem uma personalidade ímpar, como qualquer poeta. A começar pela sua linguagem, nada típica para um membro paroquial. Ele também gostava de ligar para as pessoas na madrugada para falar qualquer asneira: contava curiosidades de escritores ou filosofava sobre molho inglês.Algumas vezes, fingia-se doente para pegar carona em ambulâncias. Foi mais além quando, para ganhar licensa da universidade, pediu a urina e as fezes de um mendigo para forjar seus exames.
Sua poesia é atual, com bastante paridade aos poetas concretistas. Daniel exalta a vida, e ainda tira uma com a Moça Caetana, personalização da morte no sertão. Quem lê seus poemas não suspeita que foram criados por um padre:

“Há misérias nos homens
Os anjos cantam nas nuvens.

Era Sexta-feira Santa
Cristo morria.
Judas se enforcava.
E eu tomava sorvete. ”

Quem se interessar, pode ler mais poemas aqui.

Segue a gente @NewronioESPM. O padre ainda não fez twitter.

Henrique passa as manhãs dos dias de semana na ESPM, as tardes dos fim de semana tocando música e as noites de terça vendo a Portuguesa no Canindé.